Israel fecha rádio palestina por "incitação à violência"
3 de novembro de 2015O Exército de Israel fechou uma rádio palestina na Cisjordânia nesta terça-feira (03/11), após fazer uma operação de busca e apreender ou danificar equipamentos da emissora. Segundo os militares, a rádio Al-Hurria, sediada em Hebron, estaria sendo usada para convocar ataques a israelenses na cidade.
Israel afirma que a atual onda de violência, que teve início em meados de setembro, foi desencadeada por uma campanha palestina de "mentiras e incitação à violência" em torno da Cidade Velha de Jerusalém. Os palestinos rebatem afirmando que a violência é resultado da frustração após quase meio século de ocupação.
Onze israelenses foram mortos em ataques palestinos, a maioria em esfaqueamentos, e 69 palestinos foram mortos em retaliações de Israel, incluindo 43 que Israel afirma estavam envolvidos em ataques ou tentativas de ataques.
A onda de violência não dá sinais de arrefecer. Nesta segunda-feira, um palestino esfaqueou e feriu gravemente um homem de 70 anos na região central de Israel, apenas horas depois de outro palestino ter esfaqueado várias pessoas, incluindo um octagenário, perto de Tel Aviv.
Hebron, a maior cidade da Cisjordânia, é um dos principais focos da violência. Centenas de colonos judeus vivem em enclaves na cidade, em meio a dezenas de milhares de palestinos.
Segundo o Exército israelense, palestinos executaram 29 ataques em Hebron no mês passado. Os militares afirmam que a rádio Al-Hurria estaria encorajando os esfaqueamentos e glorificando os agressores.
O diretor da emissora, Ayman Qawasmeh, disse que tropas de Israel vasculharam a estação durante a madrugada, destruindo e confiscando equipamentos. "Essa é uma clara agressão à mídia palestina. Não incitamos, apenas noticiamos os crimes cotidianos de Israel contra o nosso povo em Hebron. Eles querem silenciar a nossa voz."
O Sindicato dos Jornalistas Palestinos afirmou que a rádio foi informada de que seria fechada até abril do ano que vem, chamando a decisão de um "crime horrível e abominável, que reflete a mentalidade bárbara, criminosa e terrorista em relação à mídia palestina".
LPF/ap/afp