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ReligiãoIsrael

Israel homenageia vítimas de tragédia em festival religioso

2 de maio de 2021

País tem dia de luto nacional para lamentar os 45 mortos, incluindo crianças, em tumulto no Monte Meron, um dos piores desastres civis em tempos de paz. Cresce pressão para que culpados sejam responsabilizados.

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Homem acende velas no Monte Meron, em Israel, onde dezenas de pessoas morreram durante um tumulto em um festival religioso na sexta-feira
Homem acende velas no Monte Meron, onde dezenas de milhares de judeus comemoravam o feriado Lag B'OmerFoto: AMIR COHEN/REUTERS

Com bandeiras hasteadas a meio mastro em todo o país, Israel decretou um dia de luto nacional neste domingo (02/05), em homenagem às 45 pessoas que morreram pisoteadas durante um tumulto em um festival religioso no norte do país na madrugada de sexta-feira.

A tragédia no Monte Meron foi considerada um dos piores desastres civis em tempos de paz desde a fundação do Estado de Israel, em 1948. Além das dezenas de mortos, a confusão também deixou cerca de 150 feridos, dos quais 12 ainda estão hospitalizados, segundo a imprensa estatal.

Dezenas de milhares de judeus ultraortodoxos se reuniram na noite de quinta-feira para as comemorações anuais do feriado Lag B'Omer, que ocorre em homenagem ao rabino Shimon Bar Yochai, um religioso do século 2º cujos restos mortais estariam enterrados no Monte Meron.

As autoridades permitiram a presença de 10 mil pessoas no local, mas, segundo a imprensa, havia mais de 100 mil no momento da tragédia. O tumulto teria ocorrido quando um grande número de pessoas tentava sair do espaço por uma estreita passagem em formato de túnel. Testemunhas disseram que as pessoas foram asfixiadas ou pisoteadas.

Entre os mortos havia ao menos 16 crianças e adolescentes. As vítimas incluíam ainda nove cidadãos estrangeiros: seis dos Estados Unidos, dois do Canadá, um da Argentina e um do Reino Unido. Dois irmãos franco-israelenses, ambos menores de idade, também morreram.

Seguindo a tradição judaica, os funerais foram realizados com o menor atraso possível. Mais de 20 vítimas do desastre no Monte Meron foram enterradas na mesma noite, depois que a identificação oficial dos corpos foi concluída.

Homenagens

Neste domingo, a bandeira israelense branca e azul pôde ser vista hasteada a meio mastro do lado de fora dos prédios públicos, bases do Exército e também nas embaixadas no exterior.

"Estamos todos com o coração partido, tristes, despedaçados em um milhão de pedaços. Não há palavras para descrever o sentimento de todo o país", disse o rabino Velvel Brevda, de 66 anos, neste domingo no Monte Meron, onde vigílias de oração foram realizadas.

No sábado, a fachada da prefeitura de Tel Aviv e parte das muralhas da Cidade Velha de Jerusalém já haviam sido iluminadas com as cores da bandeira israelense em sinal de luto.

Já nesta segunda-feira, o Parlamento israelense (Knesset) fará uma sessão especial, com os deputados acendendo velas na entrada do plenário para lembrar as vítimas.

Multidão reunida para um festival religioso no Monte Meron, em Israel, em 29 de abril de 2021
Estima-se que 100 mil pessoas se reuniram para o festivalFoto: Jalaa Marey/AFP

Em sua oração do meio-dia na Praça de São Pedro, no Vaticano, neste domingo, o papa Francisco também lamentou as mortes, e disse que rezaria pelas vítimas e seus familiares.

"Com tristeza, eu expresso minha solidariedade ao povo de Israel pelo incidente na sexta-feira no Monte Meron que causou a morte de 45 pessoas e vários feridos", disse o pontífice.

Quem é responsável?

Em meio ao luto, cresceram os pedidos para que os culpados pela tragédia sejam responsabilizados. "Assumam a responsabilidade", dizia a manchete do jornal Yediot Aharonot, listando uma série de autoridades e perguntas a serem respondidas.

Questionou-se, por exemplo, se o governo e a polícia foram relutantes em limitar a quantidade de pessoas no local – considerado perigoso anos atrás por inspetores estaduais – para não irritar rabinos e políticos ultraortodoxos influentes.

"É necessária uma investigação completa", afirmou o ministro da Cultura, Hili Tropper, à emissora estatal KAN. "Este terrível desastre ajudará todo mundo a entender [...] que não deve haver nenhum lugar onde o Estado não define as regras."

O primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, também prometeu uma investigação. "Faremos uma investigação completa, séria e profunda para garantir que uma tragédia como essa nunca mais se repita", disse o premiê ao visitar o local do desastre.

O Ministério da Justiça israelense acrescentou que os investigadores vão apurar se houve algum tipo de má conduta policial durante o evento.

A polícia e autoridades do governo regional afirmaram que o Monte Meron é administrado por quatro grupos religiosos privados diferentes, o que dificulta a supervisão do local.

O festival foi o primeiro grande evento deste porte realizado no país desde o relaxamento das medidas restritivas impostas no ano passado para conter a pandemia de covid-19. Em 2019, antes da pandemia que levou ao cancelamento do evento em 2020, 250 mil pessoas participaram da peregrinação ao Monte Meron, de acordo com os organizadores.

ek (Reuters, AFP, AP, Efe)