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Israel prepara apropriação de 400 hectares na Cisjordânia

1 de setembro de 2014

Área é declarada como pertencente ao Estado judeu. Estados Unidos e Autoridade Nacional Palestina criticam a medida, que traria mais instabilidade à região.

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Assentamento judeu de Beitar Illit, na CisjordâniaFoto: picture alliance/dpa

Israel pretende apropriar-se de cerca de 400 hectares de terras na Cisjordânia ocupada, disse neste domingo (31/08) uma fonte do Exército israelense. A área conhecida como Gva'ot, no bloco de assentamentos judeus Gush Etzion, próximo a Belém, foi declarada como pertencente ao Estado.

Os proprietários das terras palestinos têm agora 45 dias de prazo para se apresentar a um comitê militar de Israel, confirmou um porta-voz do governo em Tel Aviv. Segundo a Rádio Israel, a medida seria uma reação ao sequestro e morte de três jovens judeus por membros do grupo radical islâmico Hamas na Cisjordânia em meados de junho – que desencadearam o recente conflito na região.

Os Estados Unidos qualificaram a expropriação da área, para a possível construção de assentamentos, de "contraprodutiva" no contexto dos atuais esforços pela paz. "Pedimos que o governo de Israel volte atrás nessa decisão", disse um porta-voz do Departamento de Estado.

Um porta-voz do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, também pediu que Israel voltasse atrás. "Essa decisão levará a mais instabilidade", disse.

A organização israelense Peace Now, que se opõe a assentamentos na Cisjordânia, afirmou que a apropriação dos 400 hectares teria como objetivo transformar um local onde dez famílias vivem, ao lado de um seminário judeu, num assentamento permanente.

A construção de um grande assentamento na área é discutida por Israel desde o ano 2000. Segundo a Peace Now, a apropriação agora anunciada por Israel é a maior desde os anos 1980. Segundo uma autoridade da região, palestinos são proprietários das terras, onde cultivam oliveiras.

A construção de um assentamento na Cisjordânia também é criticada pela comunidade internacional, sendo classificada como ilegal e como obstáculo para uma solução pacífica para o conflito entre israelenses e palestinos.

Há poucos dias, depois de várias tréguas unilaterais ou bilaterais, Israel e Hamas chegaram, na última terça-feira, a um acordo sobre um cessar-fogo ilimitado, pondo fim a 50 dias de conflito, que causou 2.143 mortos palestinos e 71 israelenses. Novas conversações entre israelenses e palestinos estão previstas no prazo de um mês.

No início de junho, Abbas formou um governo de união com o Hamas. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, interrompera negociações pela paz com Abbas, mediadas pelos EUA, em abril, depois que o presidente da Autoridade Nacional Palestina chegara a um acordo de reconciliação com o Hamas.

Na última sexta-feira, Netanyahu pediu a Abbas que escolhesse entre as negociações de paz com Israel ou com o movimento de resistência palestino Hamas.

Cerca de 500 mil israelenses vivem em meio a 2,4 milhões de palestinos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, em territórios dos quais o Estado judeu se apossou em 1967.

LPF/lusa/rtr/dpa