Caso Battisti
4 de janeiro de 2011Partidos de todo o espectro político, tanto da coalizão conservadora de governo quando da centro-esquerda, estiveram por trás dos protestos convocados para esta terça-feira (04/01) em Milão, Veneza, Nápoles, Palermo e também em frente à embaixada brasileira no centro histórico de Roma.
A recusa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 31 de dezembro último em extraditar Cesare Battisti, condenado por assassinato e considerado um terrorista por Roma, desencadeou uma onda de indignação em toda a Itália. Centenas de pessoas participaram dos protestos.
Inicialmente, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi havia reagido, pedindo o retorno do embaixador da Itália no Brasil para conversar sobre o assunto. O premiê italiano anunciou que lutaria contra a decisão de Brasília. Nesta terça-feira, no entanto, Berlusconi disse que o caso não afetará as relações Brasil-Itália.
"O Brasil é um país com o qual temos uma antiga e firme amizade. O caso não tem a ver com a relação entre os dois países, mas é uma questão judicial", disse Berlusconi, destacando, por outro lado, que seu governo aprovará medidas para que a questão seja levada ao Tribunal Penal Internacional, em Haia.
Battisti era membro do grupo Proletariados Armados pelo Comunismo (PAC), um agrupamento radical e armado que matou várias pessoas nos anos 1970. Ele foi considerado culpado junto com outros membros da milícia pelos assassinatos de um guarda de uma penitenciária, um investigador especializado em organizações terroristas, um açougueiro e um joalheiro. Os crimes ocorreram entre 1978 e 1979. Em 1993 Battisti foi condenado à prisão perpétua.
Ele fugiu da prisão em 1981, tendo vivido oito anos clandestinamente no México antes de se mudar para a França, onde reconstruiu sua vida protegido pela política de então, que descartava a extradição de ex-membros de grupos armados que tivessem renunciado à violência.
Em 2004, o ex-militante abandonou Paris depois que o Conselho de Estado francês aboliu essa política. Battisti emigrou então para o Brasil, onde foi preso três anos depois, a pedido da Interpol. Familiares das vítimas assassinadas pelo PAC participaram dos protestos em Roma. Segundo o diário italiano Corriere della Sera, representantes do governo italiano entraram com recurso perante o Supremo Tribunal Federal, em Brasília, a fim de evitar que Battisti saia da prisão no Brasil.
FF/afp/dpa
Revisão: Soraia Vilela