Japão vai financiar tecnologia para conter vazamento em Fukushima
3 de setembro de 2013O governo do Japão anunciou nesta terça-feira (03/09) que irá contribuir com 47 bilhões de ienes, cerca de 1,2 bilhão de reais, nos projetos da Tokyo Electric Power Company (Tepco) para conter os vazamentos de água radioativa de Fukushima. Por vários meses, o governo tentou não se envolver com os problemas da usina nuclear, mas se viu obrigado a intervir.
"Ao invés de deixar isso para a Tepco, o governo irá se adiantar e assumir o controle. O mundo está observando se agiremos corretamente em relação à água contaminada, e também com relação à desativação de toda a usina", afirmou Shinzo Abe, primeiro-ministro japonês.
Segundo o ministro da Indústria, Toshimitsu Motegi, uma parte desse dinheiro – 32 bilhões de ienes – será investida na construção de um muro de gelo subterrâneo para evitar o acúmulo de água nos porões dos reatores, vazamentos, além de infiltrações no lençol freático.
O muro terá uma extensão de 1,4 quilômetro e 30 metros de profundidade. O gelo vai resfriar o solo por meio de um sistema elétrico formado por pequenas tubulações. Esses canos irão transportar um refrigerante a uma temperatura de -40 graus. A técnica deve bloquear a água contaminada, evitando que o líquido vaze para além da usina. O método também evita que água subterrânea penetre no reator. Esse projeto deve ficar pronto em maio de 2015.
Os outros 15 bilhões de ienes serão usados para melhorar o sistema de tratamento da água injetada nos reatores para mantê-los resfriados, reduzindo o nível de contaminação. O problema surgiu depois dos danos provocados pelo tsunami, em 2011. Após o contato com combustível nuclear, essa água fica radioativa e é armazenada em tanques. Diariamente, cerca de 400 toneladas de água contaminada é gerada a partir desse processo.
Dúvidas sobre a Tepco
A descoberta do vazamento de 300 toneladas de água radioativa dos tanques no último mês colocou em dúvidas a capacidade da Tepco de administrar a situação.
Shunichi Tanaka, presidente do órgão que regula o setor no país (NRA), afirma que a água radioativa não pode ser armazenada em tanques para sempre. Segundo Tanaka, um eventual escoamento para o oceano seria permitido somente caso a contaminação da água esteja dentro do limite permitido.
Mas especialistas têm dúvidas sobre essas tecnologias financiadas pelo governo e afirmam que os custos serão enormes. Segundo o analista Atsunao Marui, do Instituto Nacional de Ciência Industrial e Tecnologia Avançada, o muro de gelo pode funcionar, mas ele não costuma ser usado por um longo tempo, como está planejado – o processo de desativação da usina deve durar 40 anos.
"São necessárias algumas camadas extras (de gelo) para segurança, caso algo dê errado", comenta Marui sobre o muro de gelo. "Além disso, o muro estará pronto somente daqui há dois anos, o que significa que o vazamento de água contaminada continuará", diz Marui.
A intervenção do governo acontece poucos dias antes do anúncio do Comitê Olímpico sobre a sede dos jogos em 2020. O evento está marcado para sábado, na Argentina. Tóquio compete com Madri e Istambul.
CN/dpa/ap/rtr/afp