Escândalo
27 de maio de 2010Os jesuítas da Alemanha reconheceram oficialmente nesta quinta-feira (27/05) que superiores da ordem no país ocultaram sistematicamente casos de abuso sexual e de violência física em colégios e outras instituições para jovens.
Para os superiores, a imagem da ordem e das escolas por ela mantidas era mais importante do que o sofrimento das vítimas, afirmou o responsável provincial da Companhia de Jesus na Alemanha, Stefan Dartmann, em Munique. Durante décadas, a violência sexual e física contra crianças e jovens não foi punida, reconheceu.
Já a advogada Ursula Raue, encarregada pela ordem de investigar as denúncias, disse que 205 pessoas se apresentaram a ela como vítimas de violência sexual ou física em instituições mantidas pelos jesuítas. Há ainda outros 50 casos que foram relatados à advogada, a maioria deles registrados em outras instituições católicas. As agressões teriam ocorrido principalmente nas décadas de 1970 e 1980.
No relatório final apresentado por Raue, foram citados os colégios jesuítas de Berlim, Sankt Blasien e Bonn, a escola Sankt Ansgar de Hamburgo e instalações para jovens mantidas pela ordem em Hannover e Göttingen, além de um colégio em Büren que não é mais administrado pelos jesuítas.
Segundo a advogada, as investigações se voltam principalmente contra 12 padres, seis deles já falecidos, e outras duas pessoas. Todos teriam sido denunciados por mais de uma pessoa. Outros 32 padres, professores ou educadores da ordem também receberam acusações, mas individuais.
A advogada disse que o relatório final não encerra as investigações, pois ainda há vítimas que a procuram para relatar casos de abuso sexual.
"Em nome da ordem, eu reconheço com vergonha a culpa e o fracasso da ordem", declarou Dartmann, acrescentando que o relatório não é um ponto final na história. Ele reiterou os pedidos de perdão às vítimas e agradeceu por elas terem "rompido o silêncio".
O escândalo de abusos sexuais em escolas jesuítas alemãs veio à tona no final de janeiro, após denúncias de ex-alunos. O número crescente de casos levou a ordem a nomear uma investigadora externa para esclarecer as denúncias.
AS/kna/dpa/afp/epd
Revisão: Nádia Pontes