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Jornais europeus falam em "roubo" e "escândalo" no pênalti em Fred

Marcio Damasceno13 de junho de 2014

Lance que originou segundo gol brasileiro foi pretexto para listas sobre "maiores erros da arbitragem em Mundiais", incluindo "mão de Deus" de Maradona. Imprensa considera seleção brasileira ainda aquém das expectativas.

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Weltmeisterschaft Fußball Brasilien 2014 Brasilien vs Kroatien Elfmeter 2:1
Foto: Reuters

Ao comentar a partida de abertura da Copa, a imprensa europeia critica o controverso pênalti a favor do Brasil e também a atuação da equipe do técnico Luiz Felipe Scolari, considerada aquém da expectativa. Jornais e sites afirmam que brasileiros só conseguiram vencer por causa da decisão "errada" do árbitro.

O tabloide alemão Bild chama a penalidade máxima que originou o segundo gol brasileiro de "piada" e acusa o atacante Fred de ter simulado a falta, apelidando-o de "Schwalbinho", unindo "schwalbe", gíria futebolística para uma falta simulada, com a terminação "inho", comum no Brasil.

"Fred só foi tocado por Lovren levemente com a mão e se jogou gritando, sendo premiado pelo árbitro japonês Nishimura com um pênalti de piada", afirmou, citando a "Foi preciso um truque desonesto para levar a seleção brasileira de volta ao caminho do almejado hexacampeonato. A teatralidade óbvia de Fred fez com que a partida de abertura do Mundial fosse decidida por uma decisão duvidosa, que levou à vitória por 3 a 1 da seleção brasileira contra um time croata que esteve pelo menos no mesmo nível ". O periódico classifica a decisão do árbitro Yuichi Nishimura como um "escândalo".

Paralelos com "mão de Deus" de Maradona

O portal de notícias Spiegel Online afirma que "a feliz vitória de estreia contra a Croácia levanta dúvidas sobre o favoritismo do Brasil". A publicação prossegue, dizendo que "depois do 3 a 0 contra a Croácia, o alívio coletivo logo deu lugar ao ceticismo, mesmo entre os próprios donos da casa".

Sobre o controverso pênalti, o veículo também é taxativo: "Ao apitar o lance, o juiz Yuichi Nishimura errou redondamente" e, para reforçar a afirmação, o portal publica uma lista dos "maiores erros da arbitragem da história da Copa", citando, entre eles, a famosa "mão de Deus" de Maradona – lance em que o argentino fez um gol com a mão num jogo de quarta de final entre Argentina e Inglaterra, na Copa de 86, no México. A mesma comparação foi feita pelo site da revista Focus, que também lista os maiores erros dos juízes nos Mundiais.b#

Já o diário Die Welt dedicou uma entrevista inteira com um teólogo católico da Universidade de Freiburg para discutir a cena em que Fred faz o sinal da cruz e aponta para o céu, agradecendo a Deus pelo pênalti. Respondendo à pergunta sobre se é "correto agradecer a Deus por uma catimba que deu certo", o especialista responde: "Existem filmes italianos em que vemos mafiosos colocarem a arma de um assassinato bem-sucedido diante do altar de Nossa Senhora e agradecerem a ajuda de Deus. Algo assim é, obviamente, um abuso do agradecimento religioso."

"Vitória e polêmica"

Em artigo intitulado "Brasil estreia em seu Mundial com vitória e polêmica", o espanhol El País escreveu que a equipe do Brasil, "onde futebol é religião", precisou mesmo da "ajuda de Deus" num evento que foi "mais uma questão de honra do que uma partida de futebol" e que "o protagonismo de Neymar foi ofuscado pela atuação do árbitro, que apitou um pênalti inexistente". O diário atribui o triunfo brasileiro também "ao vigor dos jogadores e aos erros do goleiro" croata, considerado "lento e mal-colocado".

Para o italiano Corriere dello Sport, o Brasil ganhou "através de um roubo". "O juiz japonês decidiu a partida ao presentear um pênalti aos brasileiros". O jornal destaca, ainda, que "bastaram dois gols para que Neymar se tornasse o rei do Brasil". Para o periódico, o camisa 10 foi "decisivo" num jogo em que os brasileiros começaram mal.

O holandês De Telegraaf também acredita que a vitória brasileira foi "dada de presente" pelo juiz, através de um pênalti "ridículo". O também holandês De Volkskrant afirma que a seleção se mostrou "nervosa e, às vezes, impotente" e que os comandados de Felipão venceram "com dificuldade".