Jornal desmente tortura de oposicionista venezuelano López
24 de junho de 2017O jornal venezuelano Últimas Noticias divulgou neste sábado (24/06), em seu website, algumas fotografias e um vídeo onde se vê o oposicionista encarcerado Leopoldo López receber cuidados médicos e alimentos. Antes, a esposa do político de 46 anos postara no Twitter um vídeo no qual ele gritava que estava sendo torturado.
"O Últimas Noticias recebeu fotografias exclusivas onde se observa o cidadão Leopoldo López recebendo tratamento médico rotineiro, que se realiza semanalmente, e ademais recebendo alimentos que sua esposa, Lilian Tintori, lhe levou nesta sexta-feira, 23 de junho."
O periódico disponibilizou as imagens nas redes sociais sob o título "Leopoldo López se encontra bem". Embora se escute alguém confirmar a data, não se conhecem detalhes sobre como foi realizada a filmagem.
Gritos "arrepiam a pele e a alma"
Poucas horas antes, Tintori divulgara um vídeo de 26 segundos, no qual López grita: "Lilian, estão me torturando. Denunciem, denunciem! Lilian, denuncia!" Consta que o registro foi feito nas cercanias do presídio para detentos militares Ramo Verde, na cidade de Los Teques, nos arredores da capital Caracas, onde o ativista está encarcerado.
Em reação, Freddy Guevara, coordenador nacional do partido Vontade Popular (VP), fundado por López, exigiu do ministro da Defesa venezuelano que revelasse as condições de saúde do oposicionista. Juntamente com outros deputados do VP, o primeiro vice-presidente do Parlamento dirigiu-se até a prisão, apelando para as autoridades para "constatarem o estado de Leopoldo de uma fonte confiável". "Exigimos que cesse o maltrato contra López", instou Guevara.
Na ocasião, Lilian Tintori também denunciou que há 78 dias seu marido está isolado e incomunicável, sem acesso a seus advogados, e responsabilizou o presidente do país, Nicolás Maduro, pela situação. A mãe do oposicionista, Antonieta Mendoza López assinalou em sua conta no Twitter que ele "sempre foi direto com sua situação, mesmo nos momentos mais atrozes, não se queixou", e que "ouvi-lo gritar hoje nos arrepiou a pele e a alma".
Declarado "preso de consciência" pela ONG Anistia Internacional, Leopoldo López foi condenado em setembro de 2015 a quase 14 anos de prisão, como responsável pelos distúrbios ocorridos ao fim de uma marcha antigovernamental no ano anterior, durante os quais três pessoas morreram.
AV/efe,kna,dpa