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Juiz contraria Trump e libera livro de John Bolton

20 de junho de 2020

Reveladoras memórias do ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA têm sinal verde para chegar às livrarias. Segundo sentença, seria tarde demais para evitar eventuais quebras de sigilo danosas. Trump promete castigo.

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Ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA John Bolton
John Bolton aconselhou Trump durante 17 mesesFoto: Reurtes/J. Drake

Um juiz federal americano rejeitou neste sábado (20/06) a tentativa da Casa Branca de bloquear o lançamento do livro de memórias do ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton.

The room where it happened: A White House memoir (A sala onde aconteceu: Memórias da Casa Branca), programado para chegar às livrarias na próxima semana, pinta um retrato devastador do presidente Donald Trump e seu processo de decisão na política externa. Bolton o descreve como desinformado e incapacitado para o cargo, oferecendo um relato detalhado de como o presidente "implorou" para que a China o ajudasse a reeleger-se.

A presidência dos Estados Unidos pedira o embargo da edição como medida cautelar de urgência, alegando que ela continha informações secretas, capazes de pôr em risco a segurança nacional. Em sua sentença, o juiz Royce Lamberth deixou claro que a falha de Bolton em obter a permissão da presidência levantava "graves preocupações de segurança nacional", mas que no fim das contas era tarde demais para uma injunção.

Capa do livro "The room where it happened: A White House memoir", de John Bolton
"A sala onde aconteceu": 200 mil cópias das memórias já circulam não comercialmenteFoto: Simon & Schuster

"Ao se permitir publicar este livro sem garantir-se a aprovação final das autoridades nacionais de inteligência, Bolton talvez tenha, de fato, causado danos irreparáveis ao país. Contudo na era da internet, mesmo um punhado de cópias em circulação poderiam destruir irrevogavelmente a confidencialidade", sentenciou o magistrado.

Além disso, "o governo não foi capaz de estabelecer que uma injunção evitará danos irreparáveis". Embora as memórias ainda não estejam disponíveis ao público, 200 mil exemplares já foram enviados a livrarias de todo o país, e a mídia tem noticiado amplamente sobre seu conteúdo. "Com centenas de milhares de cópias por todo o globo, muitas em redações de imprensa, não há como restaurar o status quo", argumentou Lamberth.

Pouco depois do anúncio da decisão, Trump afirmou no Twitter que o ex-conselheiro terá que encarar as consequência se suas ações: "Bolton violou a lei, e foi denunciado e repreendido por isso, vai ter que pagar um preço realmente alto."

Segundo os advogados do autor, ele passou meses trabalhando junto à Casa Branca para esclarecer quaisquer problemas de segurança nacional em sua publicação. Considerado nacionalista e intervencionista, John Bolton serviu ao governo Trump por 17 meses, até ser demitido em setembro de 2019.

AV/rtr,ap,afp

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