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Eleição

27 de novembro de 2011

Dez candidatos enfrentam o atual presidente no pleito de 28 de novembro, mas mesmo as chances do principal oposicionista são reduzidas. Especialistas advertem que violência pode voltar a dominar no país africano.

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Presidente Kabila acena para o povo
Presidente Kabila acena para o povoFoto: AP

Quando em 2006 Joseph Kabila se tornou presidente da República Democrática do Congo nas primeiras eleições livres em seu país, ele já governava há cinco anos. As expectativas da população e da comunidade internacional eram grandes, após o pleito democrático.

E Kabila tudo fez para alimentar tais esperanças: prometeu mais e melhores estradas, água corrente para todos, rede elétrica moderna, melhor acesso à educação e ao mercado de trabalho e – sobretudo – paz. Uma grande ambição para um país que há anos sofria sob uma guerra envolvendo várias nações africanas. Cinco anos mais tarde, o presidente encontra-se muito aquém das expectativas.

Para Denis Tull, especialista em Congo pelo Instituto Alemão de Relações Internacionais e Segurança (SWP), Kabila não alcançou grandes resultados. "O balanço do governo do presidente Kabila é relativamente fraco. Do ponto de vista econômico e social, na verdade não houve progressos dignos de nota. A pobreza no país permanece enorme. Os programas de construção para o país e para a economia não vingaram ou nem chegaram a ser realizados."

Vitória de Kabila em 2006 foi festejada
Vitória de Kabila em 2006 foi festejadaFoto: AP

Crescimento sem bem-estar

De fato, a República Democrática do Congo é rica em minerais e matérias-primas como ouro e coltan – mistura de minério utilizada em telefones celulares. O crescimento econômico circula em torno de 7%, porém a população pouco lucra com ele: no índice de desenvolvimento das Nações Unidas, referente a 187 países, a nação africana ocupa o último lugar.

A expectativa média de vida é de 48 anos, a renda per capita anual fica em 280 dólares, e o desemprego é imenso. Comparando: um alemão chega, em média, a 80 anos de idade e recebe quase 35 mil dólares por ano.

Para Thomas Wilson, do think tank internacional Control Risks, sediado em Londres, tudo isso se deve à má gestão crônica de Joseph Kabila. "De certo modo, Kabila continuou a governar como seu pai, Laurent, e o antecessor deste, Mobutu Sese Seko", observa. "Ele empregou verbas do Estado e outras fontes para comprar e integrar no governo seus adversários em potencial. Ele nada vez em nome de uma governança responsável e democrática."

Segurança relativa

Joseph Kabila assumiu o poder em 2001, após o assassinato de seu pai, Laurent-Désiré Kabila, aos 30 anos de idade e sem qualquer experiência política. Antes de se tornar presidente, fora comandante das tropas de infantaria congolesas, e desempenhou um papel ativo na rebelião de 1996 contra o então chefe de Estado Mobutu.

No entanto, o acordo de paz firmado em 2002 permitiu as primeiras eleições no país desde sua independência. A comunidade internacional contribuiu para sua realização com cerca de 450 milhões de dólares, o governo nacional arcou com apenas 10%. Esse apoio vinha subordinado à esperança de que finalmente houvesse paz na gigantesca nação no coração da África.

Denis Tull reconhece que a situação de segurança melhorou desde então. Porém ele também acentua que, justamente na parte oriental do país, nas províncias de Kivu do Norte e do Sul, as circunstâncias permanecem extremamente inseguras. Não há propriamente uma guerra, porém a ameaça de grupos e milícias fragmentados, assim como do exército congolês.

"Nesse sentido, a situação cotidiana para as pessoas lá continua muito, muito precária", afirma o expert do SWP para o Congo. "Elas estão continuamente expostas a ataques. De seu ponto de vista, portanto, não se pode falar em paz. E isso também explica por que o presidente Kabila hoje não é mais tão popular no Congo Oriental."

Cartas marcadas

Etienne Tshisekedi, adversário mais forte
Etienne Tshisekedi, adversário mais forteFoto: AP

Dez candidatos enfrentam o atual presidente no pleito de 28 de novembro. Porém as chances são reduzidas, mesmo para o candidato mais destacado, o experiente político de oposição Etienne Tshisekedi. Kabila montou esta situação no início do ano, com uma alteração da Constituição: bastam agora a maioria simples e um único turno para se tornar – ou permanecer – presidente da República Democrática do Congo.

E, se mesmo isso não bastar para uma vitória, pode haver uma ajuda extra, crê Thomas Wilson. "Posso imaginar um cenário em que Kabila e o seu partido, o PPRD, percam o poder. Eles questionarão imediatamente os resultados no Supremo Tribunal, ou no Tribunal Constitucional, vão exigir nova apuração dos votos, e anunciar que tudo foi um erro, que na realidade o PPRD venceu e Kabila permanece no poder. Aí haverá violência, e isso colocará tudo novamente em perigo", teme o especialista do Control Risks.

Desde já o clima no país é tenso. Em meados de novembro, o procurador-chefe da Corte Penal Internacional, Luis Moreno Ocampo, advertiu os eventuais agitadores que não irá tolerar violência às vésperas das eleições no país africano, que abrirá inquérito contra os responsáveis e os levará a juízo.

Autora: Dirke Köpp (av)
Revisão: Roselaine Wandscheer