Kim foi morto com arma química banida pela ONU
24 de fevereiro de 2017Kim Jong-nam, meio-irmão do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, foi assassinado com uma potente substância conhecida como "agente nervoso VX", informou nesta sexta-feira (24/02) a polícia da Malásia. Incolor e inodoro, o componente letal é considerado uma arma química e foi banido pela ONU.
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Uma análise preliminar no corpo de Kim Jong-nam detectou vestígios do gás altamente tóxico nos olhos e no rosto da vítima, que morreu no dia 13 de fevereiro, após ser atacado por duas mulheres no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur. A polícia malaia disse que ele sofreu uma convulsão e morreu antes de chegar ao hospital.
O Departamento de Química da Malásia identificou a substância como "etil S-2-diisopropilaminoetilmetilfosfonotiolato", nome científico do agente nervoso VX. O veneno foi utilizado como arma química na guerra entre Iraque e Irã na década de 1980.
Segundo o Centro para o Controle e Prevenção da Doenças (CDC) dos Estados Unidos, trata-se do "mais potente" de todos os agentes que atuam sobre o sistema nervoso. "É possível que qualquer contato líquido visível de VX com a pele, a menos que lavado imediatamente, seja letal", explica o CDC em seu portal.
O relatório toxicológico, assinado pelo chefe da Polícia Nacional, Khalid Abu Bakar, identifica a vítima apenas como um "cidadão norte-coreano", e se diz à espera de que um parente reivindique o corpo através de um exame de DNA.
A polícia da Malásia prendeu um químico norte-coreano e as duas mulheres que abordaram a vítima, uma vietnamita e uma indonésia, além de ter emitido mandados de prisão contra outros quatro norte-coreanos que também estariam envolvidos no crime. Acredita-se que os suspeitos fugiram da Malásia no mesmo dia da morte de Kim Jong-nam e se encontram em Pyongyang.
As autoridades também pediram permissão para a embaixada norte-coreana em Kuala Lumpur para interrogar outros dois suspeitos: Hyon Kwang Song, segundo secretário da embaixada norte-coreana, e Kim Uk Il, empregado da companhia aérea estatal Air Koryo.
O governo da Coreia do Sul tem acusado o regime de Pyongyang pelo assassinato, que chegou a classificar de "ato terrorista".
A mídia norte-coreana, por sua vez, quebrou um silêncio de dez dias na quinta-feira e lançou duros ataques à Malásia, que diz gerir o caso de forma "imoral" e politicamente motivada. A agência oficial KCNA acusa o país de conspirar com a Coreia do Sul.
IP/efe/afp/lusa