Livreiros otimistas apesar da queda de vendas
12 de julho de 2004Boas novas para o comércio livreiro alemão: neste domingo (11) Bill Clinton lançou sua autobiografia no país. Acompanhado em massa pela imprensa e pelos fãs, o ex-presidente dos Estados Unidos autografou algumas centenas de exemplares na livraria Dussmann, em Berlim.
Além de político sério, Clinton está provando ser um aplicado homem de negócios. Suas numerosas entrevistas à mídia alemã – sobre temas como a sucessão da presidência dos EUA, o Iraque, a economia alemã e o caso Lewinsky – são entremeadas a intervalos regulares por um aparte: "Como descrevo no meu livro...".
Um esforço de marketing totalmente dispensável, diga-se de passagem: Minha vida já estava esgotado na Alemanha antes mesmo do lançamento. Infelizmente o sucesso do livro de memórias do político de 57 anos não é representativo da situação do setor no país.
Faturamento caindo desde 2001
A Associação do Comércio Livreiro Alemão acaba de apresentar seu balanço de 2003. Assim como em quase todos os demais setores de consumo, o ano foi marcado por expectativas frustradas. Da mesma forma que em 2001 e 2002, houve uma queda do faturamento – dessa vez de 1,7% –, que limitou-se a 9,07 bilhões de euros.
Apesar de tudo, não há motivo para pânico, afirma Dieter Schormann, o presidente da Associação. Não se trata de um problema específico do setor, mas sim mais um sintoma da retração generalizada dos compradores. Importante para Schormann é que: "Não há uma crise dos livros, não há uma crise dos leitores".
Ainda melhor do que nos EUA
Uma análise recente dá razão ao especialista em marketing. A leitura ainda ocupa o oitavo lugar entre as formas de lazer preferidas dos alemães: 55% da população "gosta" ou "gosta muito" de ler. Por outro lado, a internet conquista apreciação crescente, tendo galgado da 22ª para a 19ª colocação.
Em comparação, uma enquete realizada nos EUA revelou que apenas a metade dos 17 mil entrevistados leu um livro nos últimos 12 meses. Romances, contos e poemas perderam 10% do interesse dos norte-americanos, desde 1982, só sendo lidos por 46,7% da população, independente do sexo ou posição social.
A tendência é especialmente dramática entre os mais jovens: apenas 42,8% dos americanos entre 18 e 24 lêem nas horas de lazer. Em 1982, essa taxa era de cerca de 60%.
Internet e magia
Contrariando a tendência geral, o comércio online de livros voltou a expandir-se em 2003 na Alemanha, representando agora uma fatia de 10% do mercado. Contudo Schormann acredita que esse nível logo se estabilizará. Segundo ele as publicações vendidas pela internet são, na maioria, da área científica ou manuais sobre assuntos específicos. O consumidor as encomenda online por saber de antemão exatamente o que quer comprar.
Os dois únicos momentos de glória verdadeira para o comércio livreiro alemão, no ano passado, deveram-se à intervenção de um aprendiz de feiticeiro: o lançamento da edição original inglesa de Harry Potter V, em junho, e de sua tradução alemã, em 8 de novembro.
Apesar desse fato, o presidente da Comissão dos Editores, Jürgen Bach, não vê o perigo de que se forme uma pura "cultura de best-sellers". Afinal, eles sempre existiram, por vezes dominando fortemente o mercado: "Mas creio que sempre haverá títulos escolhidos individualmente. Por isso também temos 60 mil lançamentos, e não apenas os 20 ou dois mil best-sellers".
Confiança no futuro
Mais uma vez os infanto-juvenis foram os campeões de exportação entre livros alemães. O interesse maior continua partindo da China e da Coréia do Sul, porém também foram concedidas licenças para tradução para albanês ou galego.
Mantendo o otimismo, o setor espera para 2004 o fim da tendência negativa, fechando o ano com o faturamento estabilizado. Para sustentar essa esperança, Jürgen Bach lembra que o público aceitou bem as novidades do primeiro semestre.
Ele admite que os últimos dois meses foram fracos, porém: "Esperamos que após o verão, quando todos os comerciantes e leitores estiverem de volta, que haja uma recuperação. Enfim, o clima é decididamente positivo", afirma o presidente da Comissão dos Editores.