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Lobby turco na Alemanha

ef2 de setembro de 2003

Federação das Indústrias Turcas abre representação em Berlim e lança campanha pelo ingresso da Turquia na União Européia. A TÜSIAD é um motor das reformas políticas com as quais Ancara espera abrir caminho para a UE.

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Premier turco Erdogan e o ministro alemão FischerFoto: AP

Quase todo o empresariado turco apóia as reformas inesperadamente corajosas que Ancara está fazendo com o claro propósito de ser convidada, no final de 2004, a negociar sua integração à União Européia. Neste contexto, os interesses das classes política e econômica turcas se confundem. O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan veio participar da abertura da representação da poderosa Federação das Indústrias Turcas (TÜSIAD) em Berlim, nesta terça-feira (02) e conversará com o chanceler federal, Gerhard Schröder, e o ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer.

Os empresários turcos vêem o seu futuro no amplo mercado comum europeu. A Alemanha já é o maior parceiro comercial da Turquia e abriga mais de dez milhões de turcos. Além disso, o premier conservador, Erdogan, vê Berlim como figura-chave para um ingresso do seu país na UE.

Ponte euro-turca

– De olho na influência alemã no quartel-general em Bruxelas, a representação da TÜSIAD na capital alemã quer construir uma ponte entre Alemanha e Turquia. A organização de cúpula dos industriais turcos representa 60% da iniciativa privada nacional e é uma organização poderosa. A idéia de sua presença em Berlim surgiu logo após a cúpula da UE em Copenhague, em dezembro de 2002. Para grande parte de Ancara, os chefes de Estado e de governo não marcaram na ocasião uma data para as negociações.

Também contribuiu a impressão que o presidente da TÜSIAD, Tuncay Özilhan, teve no seu giro pela Alemanha no ano passado de que os alemães não sabem nada sobre o desenvolvimento da Turquia, a despeito dos fortes laços econômicos entre os dois países. A propósito, a diretora da TÜSIAD em Berlim, Mehpare Bozyigit, destaca que a Alemanha é o maior parceiro comercial da Turquia. As importações da Alemanha perfazem 60% de todas as compras externas da Turquia e as exportações para a Alemanha correspondem a 30% do comércio turco. Além disso, mais de mil firmas alemãs investiram cerca de US$ 4 bilhões em solo turco.

Mão-de-obra barata

- Outras empresas européias também descobriram a Turquia como país de mão-de-obra barata e ponte para expandir o seu mercado em outras nações da Ásia Central e Oriente Médio. A Siemens e principalmente montadoras de veículos como a DaimlerChrysler e a Opel construíram instalações de produção na Anatólia, exatamente a região mais rica em mão-de-obra barata da Turquia.

Mas o país que restou do Império Otomano não quer mais só receber europeu. Ele próprio quer fazer parte da UE o mais rápido possível. E as chances são boas, como avalia Bozyigit, por causa das reformas aprovadas no governo de Erdogan, como a extinção da pena de morte, redução do papel dos militares no poder e mais direitos para a minoria curda.

Vantagens turcas

- Agora é importante não só implantar as reformas, para atender exigências da comunidade, mas também fazer uma ofensiva no exterior para agilizar o ingresso da Turquia na UE, como destacou a representante dos industriais turcos. E para calar a boca do céticos, a TÜSIAD quer mostrar as vantagens que a UE teria com o ingresso da Turquia.

Mas a propaganda feita por Boyigit é polêmica principalmente na Alemanha: "Com a Turquia, a UE receberia uma nação jovem, muito produtiva e com muita visão em termos de produção, além de outra cultura que enriqueceria a européia. Tem que se considerar também que a Europa envelheceu e, com suas baixas taxas de natalidade, não está mais em condição de rejuvenescer. A Turquia é necessária porque é uma nação jovem, que traria sangue novo para a Europa".