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Luta contra a fome se aproxima da meta do milênio das Nações Unidas

9 de outubro de 2012

O número de famintos no mundo caiu 8,3% desde 1992, segundo dados de um relatório elaborado pela FAO. Mas apesar do balanço geral positivo, a situação em algumas regiões do mundo piorou nas últimas duas décadas.

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Foto: dapd

O relatório "O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2012", apresentado nesta terça-feira (09/10) pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), traz os novos números sobre a insegurança alimentar mundial.

De acordo com o documento, 868 milhões de pessoas sofrem de desnutrição crônica no mundo – uma queda de 8,3% em relação ao observado no ano de 1992.

"Isso significa que uma a cada oito pessoas, no mundo, continua sofrendo de má nutrição", avalia o diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, em entrevista à DW na sede da organização, em Roma.

Cerca de 852 milhões dessas pessoas vivem em países em desenvolvimento, o que corresponde a 15% da população total desses países.

Ainda que os números absolutos sejam altos, Graziano aponta avanços conquistados em diversas regiões. "Nós vemos países em todas as partes, na África, na Ásia, na América Latina, com uma performance muito boa. Entre eles, merece destaque o Brasil, que reduziu em 40% o número de pessoas com fome entre 1990 e 2012."

Pontos de retrocesso

O quadro negativo foi registrado principalmente na África subsaariana e no Oriente Médio. Em relação a Moçambique, o relatório da FAO indica estado de alerta quanto ao cumprimento das metas de combate à fome estabelecidas no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU), que devem ser atingidos até 2015. Entre 2010 e 2012, o número de pessoas que passam fome cresceu 18% no país.

José Graziano da Silva
Graziano destaca bom desempenho do Brasil nas últimas décadasFoto: graziano da silva

Ainda na África subsaariana, Angola se destaca como uma exceção positiva. Nos últimos dois anos, o país diminuiu em 21% o número de pessoas que sofrem de desnutrição, segundo o estudo da FAO. E há ainda outros exemplos animadores. Gana reduziu a fome em 87%. O Mali, antes do conflito desencadeado pelo golpe de Estado militar de março último, tinha uma redução de 44%, e Camarões, de 35%.

"Isso mostra que, mesmo em situações adversas, quando temos políticas para promover o desenvolvimento agrícola - especialmente dos pequenos agricultores, como foi feito em Gana - elas dão resultados imediatos na redução do número de famintos", garante o diretor-geral da FAO.

Meta atingível

Embora a redução da subnutrição nos países em desenvolvimento tenha desacelerado, a meta do milênio das Nações Unidas de reduzir pela metade a fome nesses países de 1990 a 2015 ainda estaria em vista. Atualmente, os autores do relatório estimam que 12,6% da população mundial venham a sofrer de desnutrição em 2015, o que corresponde a um ponto percentual acima da meta prevista.

O novo relatório da fome no mundo foi apresentado em conjunto pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA) e o Programa Alimentar Mundial (PAM).

Autor: Rafael Belincanta, de Roma
Revisão: Francis França / Fernando Caulyt