Líder da juventude social-democrata sugere estatizar BMW
2 de maio de 2019O chefe da ala jovem do Partido Social-Democrata (Jusos), Kevin Kühnert, sugeriu a estatização de grandes empresas na Alemanha. Em uma entrevista ao semanário alemão Die Zeit, o jovem social-democrata afirmou ter a pretensão de tornar públicas empresas como a montadora BMW "por meios democráticos". Segundo ele, sem a coletivização "é impensável superar o capitalismo".
"Pouco me importa se no fim das contas está escrito 'companhia automotiva estatal' ou 'cooperativa automotiva' na campainha da BMW, ou se a coletividade decidir que não precisa mais da BMW nessa forma atual", disse Kühnert, citando a montadora bávara como exemplo.
Segundo ele, o que importa é que a distribuição de lucros seja democraticamente controlada. "Isso exclui que haja um dono capitalista na empresa", prosseguiu.
Kühnert defendeu ainda limitar a posse de imóveis na Alemanha, em meio ao crescente problema no acesso a moradias nas grandes cidades, como Berlim. O presidente da ala jovem do Partido Social-Democrata citou como solução cooperativas habitacionais e o fim dos arrendamentos privados.
"Não acho que seja um modelo de negócio legítimo custear a própria vida com o espaço habitacional vital para outras pessoas", disse. "Pensando de forma consequente, todos devem possuir, no máximo, o espaço de habitação em que vivem."
As declarações de Kühnert receberam críticas fortes das alas conservadora e liberal do espectro político alemão – a União Democrata Cristã (CDU) e o Partido Liberal Democrático (FDP).
O ministro dos Transportes da Alemanha, Andreas Scheuer, afirmou ao tabloide Bild, nesta quinta-feira (02/05), que as demandas de Kühnert mostram "a imagem retrógrada e peculiar de um fantasista desorientado".
"Felizmente, nós superamos o socialismo, onde todos eram iguais, mas todos igualmente pobres", disse o ministro.
A nova secretária-geral do FDP, Linda Teuteberg, disse que o SPD deve "urgentemente esclarecer sua relação com a propriedade e que Kühnert deveria ler o Programa de Godesberg [programa ratificado em 1959, em que o SPD oficialmente se dissocia do marxismo], em vez de Karl Marx". Teuteberg afirmou ainda que os liberais "defenderão a economia social de mercado contra esses excessos socialistas".
O vice-presidente da CDU, Thomas Strobl, questionou: "A esquerda quer novamente o 'socialismo democrático', trinta anos após o fim da RDA?".
Para a CDU, "a econômica social de mercado não é capitalismo, mas parte da nossa história de sucesso e, acima de tudo, parte da solução para os desafios futuros", acrescentou Strobl. "Estamos totalmente comprometidos com o Estado de Direito, a democracia parlamentar e a economia social de mercado – em suma: com a nossa ordem econômica e política liberal. Aparentemente, parte dos verdes e dos social-democratas não vê mais dessa forma."
Kühnert recebeu críticas de dentro do próprio SPD. Johannes Kahrs, porta-voz de uma ala conservadora dos social-democratas, não poupou palavras: "Mas que disparate grosseiro. O que ele fumou? Algo legal certamente não pode ter sido".
PV/dpa/ots
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