Futuro premiê
6 de janeiro de 2011A primeira visita oficial de um político chinês do alto escalão em 2011 tem a Europa como destino. Após ter passado pela Espanha, o vice-primeiro-ministro Li Keqiang estará desta quinta-feira até o domingo (06-09/01) na Alemanha. O Reino Unido será a última estação de sua viagem europeia, que se encerra em 12 de janeiro.
Com 55 anos de idade, Li estudou Economia, é doutor em Direito e considerado o favorito na disputa pela chefia de governo em Pequim, a partir de 2013. Ele é fruto da comunista Liga Jovem, a base de poder do presidente chinês, Hu Jintao, onde fez carreira meteórica.
Durante algum tempo, Li Keqiang chegou a ser visto como potencial sucessor de Hu Jintao. Mas o vice-presidente Xi Jinping, de 57 anos, acabou vencendo a disputa pela quinta geração do poder comunista em Pequim e já conta como futuro chefe de Estado chinês.
Apoio na crise
No posto de primeiro-ministro, Li também será responsável pela economia do país. Assim, não é de espantar que todas as portas lhe estejam abertas em toda a Europa, para a qual a China é um importante investidor de longo prazo.
Na Alemanha, o vice-premiê chinês encontra-se com o presidente Christian Wulff, a premiê Angela Merkel, os ministros do Exterior, Guido Westerwelle, e da Economia, Rainer Brüderle, entre outros. Li visita o país num momento crítico para ele e seus parceiros da zona do euro. As 17 nações lutam para debelar a crise de endividamento em partes do bloco monetário e angariar a confiança dos investidores para os países mais abalados, entre estes Portugal e Espanha.
Em Madri, o político chinês reiterou o empenho de seu país em auxiliar os espanhóis a superar suas dificuldades financeiras. O periódico El País noticiou que, segundo Li, Pequim planeja investir 6 bilhões de euros em títulos de dívida pública da Espanha. Além disso, os chineses em breve se tornarão os maiores clientes para as seguradoras, bancos e firmas de transportes e telecomunicações da Espanha.
"Negócios da China"
Os três dias do vice-premiê em Berlim serão dedicados a aprofundar os laços comerciais e políticos entre os dois campeões de exportação do mundo. Nos últimos anos, a economia chinesa em expansão tem sido um motor importante para a máquina exportadora alemã.
A rápida transformação econômica da potência asiática, em especial, resultou numa demanda pronunciada de bens de infraestrutura e automóveis alemães. Assim como diversas companhias de pequeno a médio porte, a Volkswagen e a Daimler contam com a assinatura de novos contratos com o país durante a estada de Li. Ambas as montadoras têm forte presença na China.
No entanto, no parecer do cientista político Joseph Cheng, de Hong Kong, não há por que ver em Li o futuro representante de uma nova política chinesa. "Como o Partido Comunista não quer reformas políticas, mas sim manter seu monopólio de poder, pouco se deve esperar das novas gerações."
Segundo ele, as reformas são indesejadas, por suscitarem controvérsias excessivas dentro do partido. "Os comunistas estabeleceram suas metas: criar uma rede social para toda a população, de modo a abafar a insatisfação que o abismo entre ricos e pobres desperta", observa. Sendo assim, "o partido tentará fazer uma boa administração, justamente por não haver democracia", conclui Cheng.
AV/dw/dpa/rtr
Revisão: Soraia Vilela