Líderes europeus comemoram resultado de referendo na Escócia
19 de setembro de 2014Líderes europeus expressaram alívio nesta sexta-feira (19/09) com os votos favoráveis à manutenção da Escócia no Reino Unido. Na Europa, se espalha a preocupação de que o referendo gere uma onda de movimentos separatistas.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, parabenizou o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e disse ter certeza de que o Reino Unido continuará a desenvolver um forte papel de destaque na manutenção da aliança ocidental.
Em Bruxelas, a Comissão Europeia afirmou que os votos contrários à independência da Escócia foram positivos para consolidar uma Europa “unida e forte”. Para observadores, a derrota dos independentistas no referendo fortalece as chances de uma votação favorável à permanência britânica no bloco. Cameron prometeu a realização de uma consulta popular sobre o tema em 2017.
"Aplaudimos o fato de o governo escocês e a população do país terem reafirmado repetidamente seu comprometimento com a Europa", disse o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.
Para o comissário de Comércio da UE, Karel De Gucht, uma divisão escocesa teria sido "catastrófica" para a economia da Europa, desencadeando um efeito dominó em todo o continente.
Antes mesmo de as urnas serem fechadas, o presidente francês, François Hollande, expressou preocupação com uma possível "desconstrução" da Europa depois de décadas de integração. A França é um dos Estados mais sólidos da EU. Apesar de possuir movimentos separatistas, como na Córsega e no País Basco, eles têm força limitada.
"Exemplo britânico"
Na Espanha, o presidente do governo (primeiro-ministro) Mariano Rajoy declarou que o resultado do referendo na Escócia foi o melhor para a Europa. Madri tem combatido a reivindicação histórica de independência da região da Catalunha.
"Os escoceses evitaram uma série de consequências institucionais, políticas, econômicas e sociais”, afirmou. “Eles escolheram a opção favorável para todos: para si mesmos, para todos do Reino Unido e para o resto da Europa."
A Alemanha demonstrou apoio ao governo espanhol. O porta-voz da chanceler federal Angela Merkel disse que o referendo na Escócia foi uma "situação legal completamente diferente" da que existe na Catalunha.
Em comunicado, o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, se disse impressionado com "a cultura democrática exemplar do Reino Unido."
Já para o presidente do governo regional catalão, Artur Mas, a tentativa de realizar uma votação sobre a independência da Catalunha ganhou um reforço com o referendo na Escócia, mesmo com a grande resistência imposta por Madri.
"O processo na Catalunha continua, está avançando e ganha um reforço depois de um país da União Europeia permitir a votação", declarou.
Na semana passada, mais de 500 mil pessoas vestidas de vermelho e amarelo, as cores da bandeira catalã, tomaram as ruas do centro de Barcelona para exigir que o governo espanhol autorize um referendo sobre a independência da Catalunha no dia 9 de novembro.
Madri, no entanto, considera a consulta popular inconstitucional. Com a aprovação de uma nova lei nesta sexta-feira, o Parlamento regional da Catalunha pretende fazer a convocação do referendo.
KG/afp/lusa