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Líderes lamentam morte de Mário Soares

7 de janeiro de 2017

Chefes de Estado e de governo e representantes da União Europeia se despendem do ex-presidente português, descrevendo-o como "visionário", "defensor da democracia e da liberdade" e "símbolo da resistência à ditadura".

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Mário Soares
Após o fim da ditadura, Mário Soares foi presidente e primeiro-ministro de PortugalFoto: picture-alliance/AP

Após a morte do ex-presidente português Mário Soares, considerado o pai da democracia moderna no país, neste sábado (07/01), líderes internacionais lamentaram a perda e destacaram os feitos do político. O governo português decretou três dias de luto nacional a partir da próxima segunda-feira.

O presidente brasileiro, Michel Temer, disse ter recebido com tristeza a notícia da morte de Soares, "figura-chave do Portugal moderno, amigo do Brasil". Ele frisou que, com a morte de um símbolo da resistência ao regime de António de Oliveira Salazar, o mundo perdeu "um estadista e um defensor da democracia e da liberdade". 

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, considerou que, com a morte de Soares, Portugal e a Europa perdem "um visionário, um pragmatista, um reformista, um lutador e um democrata". Schulz destacou que o ex-presidente "trouxe Portugal de volta ao coração da Europa", dando aos cidadãos do país "mais prosperidade, proteção social e liberdades".

Por fim, Schulz afirmou que Soares é "mais que uma figura histórica, ele é uma inspiração". Ele conseguiu avanços em termos de "liberdade, igualdade e dignidade" e "seu legado vai durar", escreveu.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, definiu Soares como "o símbolo e o artesão da resistência à ditadura e da transição de seu país à democracia".

O presidente francês, François Hollande, afirmou que a democracia portuguesa perdeu "um de seus heróis", a Europa, "um de seus grandes líderes", e a França, "um fiel amigo". Segundo Hollande, Soares encarnou "o espírito europeu" junto com o ex-presidente francês François Mitterrand e o ex-chanceler federal alemão Helmut Kohl.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, descreveu Soares como "um grande europeísta" e "uma figura decisiva para a democracia portuguesa".

O rei Felipe 6º da Espanha também enviou ao atual presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, uma mensagem de pesar pela morte do ex-presidente. "A sua tarefa e legado político em Portugal e o seu papel decisivo no sucesso da transição democrática da sociedade portuguesa converteram-no num dos grandes líderes portugueses e europeus do último século", diz o texto.

Rebelo de Sousa ressaltou que Soares foi "um lutador pela liberdade" e que seu legado é "imortal". António Costa, atual primeiro-ministro de Portugal e membro do Partido Socialista, cofundado por Soares, afirmou que o mundo perdeu neste sábado "alguém que foi por tantas vezes o rosto e a voz da nossa liberdade, pela qual ele lutou durante toda a sua vida".

O secretário-geral da ONU e ex-primeiro-ministro de Portugal, António Guterres, classificou Soares de "um dos raros líderes políticos que tinham verdadeiro peso tanto na Europa quanto no mundo".

Nascido em 7 de dezembro de 1924, Soares foi presidente de Portugal entre 1986 e 1996 e primeiro-ministro por dois mandatos, de 1976 a 1978 e de 1983 a 1985. Como ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro-governo pós-ditadura, Soares participou ativamente no processo de descolonização das antigas colônias portuguesas. Ele também lutou pela aproximação de Portugal do restante da Europa.

LPF/efe/afp/lusa