Líderes mundiais condenam tentativa de golpe na Turquia
16 de julho de 2016A tentativa de golpe perpetrada por um grupo insurgente de militares na Turquia gerou reações negativas por parte de líderes mundiais. Enquanto o grupo declarava ter tomado o controle total de Ancara nesta sexta-feira (15/07), autoridades locais negavam ter perdido o comando.
Em depoimento após chegada a Istambul, já na madrugada deste sábado, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan declarou que a tentativa foi um ato de traição por parte dos militares, mas pelo menos serviria para "limpar" as Forças Armadas. O líder garantiu que "permanecerá com seu povo".
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, fez um apelo em prol do respeito aos "direitos fundamentais" na Turquia e afirmou que a interferência militar nos assuntos de qualquer Estado é "inaceitável".
"É crucial respeitar o regime civil e a ordem constitucional de uma forma rápida e pacífica, de acordo com os princípios da democracia", disse Ban por meio de seu porta-voz em declaração oficial.
Já o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, pediu "calma e moderação" e "total respeito" às instituições democráticas e à Constituição turca. "A Turquia é um valioso aliado da Otan", sublinhou Stoltenberg em comunicado.
A União Europeia (UE) também destacou a importância da parceria com a Turquia ao declarar apoio às instituições democráticas no país. Em comunicado, líderes do bloco, que participam de uma cúpula na Mongólia entre países da Europa e da Ásia, clamaram por um rápido retorno à ordem.
"A Turquia é um parceiro-chave da União Europeia. A UE apoia completamente o governo eleito democraticamente, as instituições do país e o estado de direito", diz a nota, assinada pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
Steffen Seibert, porta-voz da chanceler federal alemã, Angela Merkel, defendeu o respeito pela ordem democrática na Turquia. "Tudo deve ser feito para proteger vidas humanas", disse ele, acrescentando que Merkel está em contato constante com altos funcionários de seu governo para discutir o caso.
Logo no início do caos na Turquia, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, também fez um apelo para que o país evitasse qualquer "derramamento de sangue" e insistiu que os problemas turcos deveriam ser resolvidos "de acordo com a Constituição".
Também em Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia está "profundamente preocupada" com a situação na Turquia, e garantiu que o presidente Vladimir Putin está acompanhando o caso de perto junto a Lavrov e aos serviços de inteligência.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, clamou por apoio ao governo "democraticamente eleito" de Ancara. O líder ligou para o secretário de Estado americano, John Kerry, que está na Europa, para "discutir os acontecimentos na Turquia", informou a Casa Branca em comunicado.
Ambos concordaram que "todos os partidos turcos devem apoiar o governo democraticamente eleito, mostrar moderação e evitar qualquer tipo de violência ou derramamento de sangue".
A provável candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton, também pediu apoio ao governo turco. "Estou acompanhando os eventos na Turquia com grande preocupação", afirmou Hillary em comunicado, no qual pediu "calma" e "respeito" pelas leis, instituições e liberdades.
No Brasil, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, também pediu cautela. "O governo brasileiro insta todas as partes a se absterem do recurso à violência e recorda a necessidade de pleno respeito às instituições e à ordem constitucional", disse o ministro em comunicado.
A nota também comunicava que a Embaixada do Brasil em Ancara e o consulado brasileiro em Istambul funcionam em regime de plantão de 24 horas e estão atentos à situação dos brasileiros, inclusive aqueles que integram delegações oficiais em visita à Turquia.
EK/efe/afp/ap