Lúcio fica, por enquanto
1 de julho de 2003Após Lúcio declarar no fim de semana que não vai mais trocar de clube, o Bayer Leverkusen vive o paradoxo de ter garantido em seu time um dos melhores zagueiros do planeta e de não ter mais receita compatível com o salário do pentacampeão mundial. "Como responsável pelas finanças do clube, teria ficado feliz com a transferência (para o Roma)", afirma o diretor-gerente Wolfgang Holzhäuser, que no entanto comemora as vantagens esportivas de continuar tendo-o na equipe.
A imprensa alemã divulga duas versões para o fracasso da transferência. Segundo uma delas, o valor de mercado de Lúcio seria estimado em 20 milhões de euros e o Roma teria oferecido apenas 17 milhões. Outra, baseada em fontes italianas, acusa Lúcio de ter reivindicado salário anual de 4 milhões de dólares, o que ele nega.
Viajando de férias para o Brasil somente agora, quando os demais conterrâneos já estão voltando para o reinício dos treinos, Lúcio diz estar feliz com sua decisão: "Decidi de uma vez por todas jogar mais um ano para o Bayer Leverkusen. Temos uma equipe forte, e eu e toda minha família nos sentimos extraordinariamente bem na Alemanha. Os torcedores me adoram. Quero levar o clube de volta ao cenário internacional", declarou o zagueiro que teve suas férias atrasadas pelos jogos da Seleção Brasileira na Copa das Confederações e pelas negociações com o Roma e outros times europeus interessados em contratá-lo.
Desde o fim da última temporada e a confirmação do Leverkusen na primeira divisão da Bundesliga, mas fora de qualquer competição européia, o clube alemão não escondeu que via a venda de Lúcio como um negócio inevitável para equilibrar suas finanças. Além de reforçar seu caixa, que não terá na próxima temporada nenhum centavo das lucrativas competições da Uefa, a transferência aliviaria a folha de pagamento do ex-vice-campeão alemão e europeu.
Holzhäuser diz agora que, na verdade, o orçamento para os próximos dois ou três anos está garantido, embora seja desproporcional ao papel que o time terá na temporada 2003/2004. Somente Bayern de Munique, Borussia Dortmund e Hertha Berlim teriam mais despesas. Para compensar a permanência de Lúcio, Schneider ou Bastürk terá de ser negociado.
Outros brasileiros
Quem parece estar mesmo de partida é o paranaense Paulo Rink. Após ter jogado no Bayer Leverkusen, Nürnberg e Energie Cottbus, o atacante está acertando com o Acadêmico de Coimbra. Segundo a imprensa portuguesa, só falta jogador e clube definirem a duração do contrato.
Crescem também os boatos sobre o destino de Aílton. Como sempre, o brasileiro não apareceu no dia marcado para a reapresentação dos jogadores do Werder Bremen, irritando a diretoria do clube. Por outro lado, a imprensa grega anuncia o interesse do campeão nacional Olympiakos Pireus no paraibano, autor de 16 gols na última temporada alemã e com contrato por ainda mais um ano com o Werder. No Olympiakos, Aílton teria a companhia de Giovanni, ex-Barcelona.
Em Dortmund, por sua vez, aguarda-se uma solução para Evanílson. O lateral jogou a última temporada sob empréstimo, pois teoricamente tem contrato com o Parma. O Borussia Dortmund utilizou-o como parte do pagamento na compra de Amoroso em 2001. Enquanto o artilheiro deseja deixar o clube alemão, é possível que este recontrate Evanílson.
Mudança já garantida
De mala e cuia já se mudaram alguns brasileiros. Decepcionado, o Bayer Leverkusen devolveu ao Cruzeiro o zagueiro Cris, que jogou o último semestre por empréstimo. Também de volta a Belo Horizonte está Alex Alves: ele esgotou a cota de paciência do Hertha Berlim, que esperava dele muito mais gols, quando o contratou em 1999. O time da capital alemã também dispensou o zagueiro Nené, ex-Grêmio, que não convenceu em sua primeira temporada.
Desprezado pelo 1860 Munique foi também o zagueiro Rafael, que no entanto continuará na Baviera, defendendo o Nürnberg, que caiu para a segunda divisão. Do barco que afundou, salvou-se o atacante Cacau, contratado pelo Stuttgart, que já tem os brasileiros Marcelo Bordon e Kevin Kuranyi. O contrato de empréstimo de Róbson Ponte ao Wolfsburg, por sua vez, terminou e o brasileiro deve retornar ao Bayer Leverkusen.
Por enquanto, o único reforço brasileiro a atravessar o Atlântico para a próxima temporada é o zagueiro Alcides, comprado pelo Schalke por 400 mil euros ao Bahia.