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Médico propõe terapia para estupradores

Clara Walther / dpa (ls)17 de fevereiro de 2015

Terapeuta de Hanover pretende criar ambulatório para oferecer tratamento psicológico a homens com fantasias sexuais violentas, e, assim, evitar casos de abuso. Experiência com pedófilos já mostrou resultados.

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Foto: Fotolia/DW

Dor, tristeza, repressão, vergonha. Muitas vezes, vítimas de violência sexual sofrem consequências da experiência traumática para o resto da vida. Na Alemanha, somente em 2013, mais de 7 mil mulheres denunciaram terem sido vítimas de violência sexual. Entretanto, estima-se que o número total de casos seja muito superior.

O terapeuta Uwe Hartmann acredita que a violência sexual pode ser evitada, se os agressores forem tratados a tempo. Seu objetivo é implantar um ambulatório na Faculdade de Medicina de Hanover para atender homens que tenham fantasias sexuais violentas.

"Ataques violentos têm origem na alma e na sexualidade do possível agressor", diz o terapeuta. "Cada crime que conseguirmos evitar é algo positivo." No momento, Hartmann busca financiamento para o ambulatório.

Prevenção à pedofilia

O terapeuta de Hanover já tem experiência na prevenção de crimes sexuais. Há três anos, ele dirige um ambulatório que atende homens que se sentem atraídos por crianças. Eles podem buscar tratamento de forma anônima e gratuita.

O objetivo é que os pacientes aprendam a lidar com a atração sexual sem abusar de crianças ou consumir pornografia infantil. Aplicado também em outras cidades da Alemanha, o conceito é considerado uma promessa de sucesso.

Segundo um relatório da rede alemã "Kein Täter werden" ("Não se torne um agressor", em português), 80% dos homens que anteriormente abusaram de crianças não cometeram mais atos do tipo depois da terapia.

Entre os pacientes que não tinham histórico de abuso de crianças, o estudo mostra que o tratamento médico conseguiu evitar a agressão sexual.

Agressores de mulheres

Hartmann também pretende estabelecer em Hanover um serviço de apoio a homens que têm fantasias violentas com mulheres adultas. O terapeuta acredita que existam homens que buscariam tratamento voluntariamente.

"Um jovem nos procurou e disse que essas fantasias o atormentavam. E perguntou: Por que não posso receber um tratamento assim? Por que ele só existe para pessoas com propensão à pedofilia?", conta o terapeuta.

A proposta de Hartmann prevê sessões de terapia em grupo e individual. "Para os pacientes, é muito bom ter a oportunidade de se abrir com outras pessoas que passam pelo mesmo que eles", diz.

O terapeuta ainda não sabe se será possível aplicar a experiência com pedófilos à terapia de homens com fantasias violentas. Enquanto os pedófilos sentem atração sexual por crianças e precisam aprender a contornar o desejo, o problema de possíveis agressores é outro. Hartmann aponta demonstração de poder, vingança, raiva ou ódio às mulheres em geral como os principais motivos para estupros.