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Magnata é condenada à morte no Vietnã por golpe bilionário

11 de abril de 2024

Uma das mulheres mais ricas do país, Truong My Lan foi acusada de desviar US$ 12,5 bilhões em empréstimos fraudulentos. Processo, que resultou em outras 85 condenações, integra cruzada anticorrupção do Partido Comunista.

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Truong My Lan, uma senhora asiática de aparência jovem e bem cuidada, cercada por policiais mulheres em uma sala de tribunal
A magnata do ramo imobiliário Truong My Lan durante audiência judicialFoto: AFP

Principal acusada no maior caso de fraude financeira da história recente do Vietnã, a magnata do ramo imobiliário Truong My Lan, de 67 anos, foi sentenciada à morte nesta quinta-feira (11/04) por dar um golpe bancário de 12,5 bilhões de dólares (R$ 63,6 bilhões) – o equivalente a 3% do PIB do país em 2022.

O julgamento em uma corte de Ho Chi Minh, que resultou na condenação de outras 85 pessoas – quatro delas à prisão perpétua –, faz parte de uma cruzada anticorrupção do Partido Comunista, que governa o país desde 1975.

De acordo com a investigação, Lan usou testas de ferro e funcionários para assumir 91% do Saigon Commercial Bank (SCB), instituição onde ela, oficialmente, não ocupava qualquer cargo e detinha apenas 4% das ações. Entre 2012 e 2022, a empresária teria desviado grandes somas de dinheiro mediante empréstimos para empresas de fachada. As ações eram encobertas mediante pagamento de propina.

Segundo o Ministério Público, Lan fez 2,5 mil empréstimos que geraram perdas de 27 bilhões de dólares ao banco (R$ 137,3 bilhões).

À empresária são atribuídos os crimes de suborno, violação de regulamentos bancários e apropriação indébita através de uma rede criminosa.

O tribunal justificou a sentença de morte diante da gravidade da fraude, alegando a impossibilidade de recuperar os prejuízos gerados, e pedindo que o banco seja ressarcido em 26,9 milhões de dólares (R$ 136,8 bilhões). Para os juízes, o caso abala "a confiança das pessoas na liderança do partido e no Estado".

A defesa de Lan nega as acusações e anunciou que recorrerá da decisão. Se a sentença for confirmada nas próximas instâncias, ela pode ser uma das poucas mulheres a pagar com a vida por um crime de colarinho branco.

Na lista de condenados estão um ex-funcionário do Banco Central, Do Thi Nhan, sentenciado à prisão perpétua por aceitar um suborno de 5,2 milhões de dólares (R$ 26,4 milhões), e uma sobrinha e o marido da empresária, o bilionário chinês Eric Chu Nap Kee, sentenciados a 17 e 9 anos de prisão, respectivamente.

Campanha anticorrupção

Lan, que fez fortuna no setor imobiliário, teve centenas de propriedades apreendidas pelas autoridades. Ela foi presa em outubro de 2022, em meio a uma cruzada anticorrupção no Vietnã que tem se intensificado desde então e resultou na denúncia de mais de 4,4 mil pessoas e na renúncia, em março deste ano, do ex-presidente Vo Van Thuong.

O julgamento de Lan foi amplamente coberto pela imprensa vietnamita, que é rigorosamente censurada pelas autoridades, indicando que pretendem divulgar o caso para servir de exemplo.

A magnitude da fraude impressionou observadores, que questionam se outros bancos e instituições podem ter cometido erros similares aos do Saigon Commercial Bank, e abalou o ramo imobiliário.

ra (AP, AFP, EFE, ots)