Ameaça de pobreza
22 de dezembro de 2011A região do Vale do Rio Ruhr, no oeste da Alemanha, é atualmente a maior fonte de preocupação do país. Nela, a desigualdade social aumenta mais do que em qualquer outro território. A surpreendente informação é da Confederação Alemã do Bem-Estar Social, que nesta quarta-feira (21/12) divulgou um relatório sobre as tendências de risco de pobreza nas diferentes regiões. Na Alemanha, uma pessoa é considerada ameaçada pela pobreza se recebe menos do que 60% da média salarial do país.
A confederação abriga 10 mil organizações, fundações e instituições das áreas social e da saúde. Ela apresentou seu primeiro mapa da pobreza em maio de 2009. Segundo Ulrich Schneider, seu diretor geral, o atual relatório permite constatar tendências de desenvolvimento, pois foi realizado durante um período relativamente longo.
O novo mapa mostra que o maior número de áreas pobres se concentra no Estado da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste do país, onde se localiza a região do Ruhr. A cidade de Dortmund, por exemplo, apresenta uma cota de pobreza mais alta que Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, o último estado do ranking.
A região do Ruhr já foi um dos principais polos da indústria de aço e carvão mineral da Alemanha. O maior centro de concentração demográfica do país abriga atualmente 5 milhões de pessoas. Muitos de seus municípios sofrem com dívidas altas, estando quase impossibilitados de funcionar. Schneider alerta: "Se o caldeirão do Ruhr começar a ferver, será difícil apagar o fogo". Isto é: a área ameaça tornar-se um foco de tensão social, como já acontece em algumas áreas de Londres ou Paris.
Tendência positiva no Leste
Outra tendência constatada pela confederação é a melhoria da situação no Leste da Alemanha. Anteriormente sob regime comunista, a região apresenta altos índices de risco de pobreza desde da reunificação do país, em 1989-1990. Segundo Ulrich Schneider, essa melhoria se registra principalmente no estado de Brandemburgo,onde a tendência ascendente estável, assim como na Turíngia e em Hamburgo.
O índice de risco de pobreza em 2010, em toda a Alemanha, esteve em 14,5%, com 12 milhões de cidadãos considerados pobres ou ameaçados de pobreza. Desde 2005, a estatística quase não se alterou, apesar do crescimento econômico em certos anos. "O mercado pode produzir riqueza, mas não distribuí-la", explica Schneider. Do ponto de vista regional, uma boa política estrutural e econômica poderia gerar um efeito positivo como se mostrou, por exemplo, em Brandemburgo e na Turíngia, acrescentou.
A Confederação Alemã do Bem-Estar Social aproveitou a apresentação do mais recente relatório de pobreza na Alemanha para um balanço parcial da política social do governo formado por democrata-cristãos (CDU/CSU) e liberal-democratas (FDP). A avaliação não é positiva: "O governo alemão não está apto ou não tem condições de obter as verbas necessárias a uma política social eficiente".
Schneider acredita que as medidas implantadas pelo governo acentuarão ainda mais o problema da pobreza. Como exemplo, ele menciona os cortes na assistência aos desempregados, e a nova distribuição da bolsa-família. A distribuição da renda entre pobres e ricos tem que ser re-estudada, defende diretor da Confederação Alemã do Bem-Estar Social, "senão o Estado social irá bater contra um muro".
Autor: Kay-Alexander Scholz (br)
Revisão: Augusto Valente