Meio Ambiente
23 de janeiro de 2008Nesta quarta-feira (23/01), a União Européia aprovou um pacote de medidas de proteção climática para fomentar o uso de energias renováveis e reduzir a emissão de gases-estufa no continente. Ao mesmo tempo, ramos industriais de alto consumo energético receberão, gratuitamente, direitos de poluição.
Segundo os planos da Comissão Européia, cada cidadão europeu despenderá 3 euros semanais, num total de 60 bilhões de euros até 2020, para reduzir a emissão de gases prejudiciais ao clima. Caso nada seja feito contra o aquecimento global, advertiu José Manuel Barroso, presidente da Comissão, os custos poderão ser muitas vezes maiores.
Carros ficarão mais limpos, edifícios receberão melhor isolamento térmico e biocombustíveis serão fomentados. No entanto, medidas de proteção à indústria européia do novo pacote são politicamente bastante controversas.
Consumo energético intensivo
"Queremos que a indústria permaneça na Europa. Não queremos exportar nossos postos de trabalho para outras partes do mundo", enfatizou Barroso. Por este motivo, indústrias de consumo energético intensivo, como as de papel, cimento, aço, alumínio e algumas indústrias químicas foram isentas da obrigação de adquirir direitos de emissão.
Elas concorreriam com outras indústrias fora da Europa que não estariam sujeitas ao novo sistema de comércio de emissões. A União Européia procura agora um acordo internacional.
Caso este não aconteça, serão introduzidos impostos extras de importação sobre produtos de países com sistemas produtivos poluentes, afirmou o presidente da Comissão. Entre estes países estariam a China, mas também os EUA.
Com exceção dos ramos industriais de alto consumo energético, a Comissão Européia acatou as exigências do comissário europeu da Indústria, o alemão Günter Verheugen. Quanto às energias renováveis, o pacote prevê a elevação para 20%, até 2020, da participação das energias provenientes do sol, vento, água e biomassa na balança energética.
"Corajoso e ambicionado"
Como maior potência econômica da Europa, a Alemanha terá que trabalhar duro para atingir as metas estipuladas pela UE. O país terá que reduzir a emissão de CO2 em 14% e duplicar para 18% a participação das energias renováveis na balança energética.
Apesar disto, o ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel (SPD), saudou como "corajoso e ambicionado" o pacote de medidas anunciado pela União Européia.
No pacote europeu, a Alemanha teria reencontrado "em muitas áreas" as posições que defende na política energética européia. O único ponto criticado foi a falta de sugestões razoáveis para o tema da eficiência energética.
Organizações de proteção ambiental como Greenpeace e Oxfam criticaram, no entranto, o patamar de 20% estipulado pela UE para a reduão dos gases-estufa em relação a 1990. Na Conferência de Bali, os países industrializados teriam se comprometido em uma redução de 25% a 40%.
Para sua aprovação definitiva, o pacote deverá ser confirmado por cada um dos 27 Estados-membros e pelo Parlamento Europeu, o que deverá demorar no mínimo um ano. (ca)