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Mediterrâneo é a 'fronteira mais mortal do mundo', diz OIM

25 de novembro de 2017

Mais de 30 mil pessoas morreram na travessia à Europa, segundo a Organização Internacional para Migrações. Aumento de chegadas está ligado a políticas restritivas aplicadas por alguns países europeus, mostra o estudo.

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Apenas em 2017, mais de 2 mil migrantes morreram no Mar MediterrâneoFoto: picture-alliance/AP/S. Diab

Um estudo divulgado pela Organização Internacional das Migrações (OIM) nesta sexta-feira (24/11) mostra que o Mar Mediterrâneo é "a fronteira mais mortal do mundo".

Segundo a pesquisa, pelo menos 33.761 pessoas morreram afogadas no Mediterrâneo entre 2000 e 2017 numa tentativa desesperada de chegar à Europa.

Leia mais: Ajuda humanitária sob fogo cruzado no Mediterrâneo

A pesquisa analisou estatísticas desde a década 1970 e conclui que o aumento da chegada de imigrantes irregulares à Europa está diretamente relacionado com as políticas migratórias cada vez mais restritivas aplicadas por alguns países europeus.

Apesar de ser um número enorme, "é provável que não reflita o alcance real da tragédia humana", explica Philippe Fargues, coordenador do estudo.

"Conter a migração e erradicar as mortes no mar são, talvez, objetivos contraditórios. Fechar as rotas mais curtas e menos perigosas leva à abertura de rotas mais longas e perigosas, aumentando assim as possibilidades de morrer no mar", acrescentou Fargues, que é membro do Instituto Universitário Europeu.

O primeiro exemplo disso, segundo o estudo, foi a imposição de visto para cidadãos turcos e norte-africanos na década de 1970, o que fez com que os que já estavam na Europa decidissem ficar.

"Isso levou a um aumento do número de parentes que viajavam para se reunir com suas famílias e ao crescimento do contrabando. Isso também levou à ausência de meios legais para aqueles que solicitam asilo e refúgio na Europa a partir de 2009", acrescentou Fargues.

Libyen Migranten und Flüchtlinge auf einem Schlauchboot
Migrantes são resgatados no Mediterrâneo por operação da Guarda Costeira italiana Foto: Getty Images/AFP/A. Solaro

Rotas de migração

O estudo indentificou duas rotas de migração. O trajeto entre a Líbia e a Itália é causada pelas pressões migratórias devido à pobreza, ao desemprego, à falta de oportunidades e à instabilidade econômica e política. A rota do Oriente Médio para a Grécia é utilizada pelo os que buscam asilo político e refúgio para escapar de ditaduras e guerras em seus países de origem.

"Esses solicitantes de asilo não têm a opção de solicitar vistos humanitários ou recorrer à migração regular em seus lugares de origem", diz o estudo.

Segundo a OIM, 161.010 pessoas chegaram pelo mar à Europa de forma irregular em 2017, enquanto 2.991 morreram no Mediterrâneo. A maioria dos migrantes – 75% – entrou no continente pela Itália.

O estudo mostra que a cooperação entre a União Europeia e a Turquia e o impedimento imposto a migrantes para deixarem a Líbia têm reduzido significativamente as entradas na Europa. No entanto, no caso da Líbia, as proibições "são não apenas moralmente repreensíveis, como também não terão sucesso, devido ao contexto de extrema falta de governança, instabilidade e fragmentação política".

Nesta semana, imagens divulgadas pela emissora americana CNN mostram que migrantes da África Subsaariana estão sendo escravizados em território líbio.

KG/efe/rtr

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