Megaexposição em Roma celebra 500 anos da morte de Rafael
6 de março de 2020O 37º aniversário de Raffaello Sanzio da Urbino (1483-1520) marcou também o dia de sua morte. Até hoje não se sabe o que matou o astro da Alta Renascença de forma tão precoce. Uma doença sexualmente transmissível contraída pelo notório amante das mulheres? Ou uma febre misteriosa – como a que, 500 anos mais tarde, poderia pôr fim à mais importante exposição em sua honra?
O governo da Itália decretou férias em universidades e escolas, cancelou feiras do livro e de turismo devido ao coronavírus, mas o Scuderie del Quirinale, em Roma, manteve, como planejado, sua mostra superlativa. Já haviam sido vendidos 60 mil ingressos antecipadamente, um recorde para o museu nos antigos estábulos do atual palácio presidencial.
A mostra é uma sensação inegável: os curadores italianos não pouparam gastos nem esforços, e pela primeira vez reuniram num mesmo local mais de 120 obras-primas de Rafael, assim como numerosas peças de outros artistas cujas obras foram marcadas de forma definitiva pelo celebrado pintor. Ao todo, são mais de 200 obras de arte.
Isso exigiu anos de preparativos e cooperação internacional, já que a Scuderie não tem um acervo permanente, dependendo exclusivamente de empréstimos. E para a exposição Raffaello, eles vieram das casas de arte mais renomadas, como o Louvre de Paris, o British Museum de Londres, o MoMa de Nova York, os Museus Vaticanos, o Prado de Madri, a Galleria degli Uffizi em Florença, entre outras, assim como da coleção pessoal da rainha Elizabeth 2ª.
Apesar de sua breve vida criativa, Rafael teve a honra de servir a dois papas. Uma das telas dos Uffizi que mostra Leão 10º será exposta pela primeira vez ao lado do retrato de seu antecessor, Júlio 2º, cedido pela National Gallery de Londres.
Ambos os pontífices foram os principais empregadores de Rafael, inspirando-o a suas mais importantes obras-primas, como os murais das câmaras do Vaticano. Também fora da Cidade Eterna, porém, ele era paparicado pelos mecenas da época, entre os quais o conde Castiglione, cujo retrato também pode ser visto em Roma, num empréstimo do Louvre.
Mundo homenageia mestre renascentista
A mostra, que foi aberta nesta quinta-feira (05/03) e vai até 2 de junho de 2020, começa com a morte de Rafael em Roma, em 1520, apresentando em retrospectiva a obra do pintor e arquiteto, até seu nascimento, em 1483. Diversos objetos estão de volta à capital italiana pela primeira vez desde a morte precoce do artista naquela cidade.
Entre os contemporâneos ilustres de Rafael destacam-se Leonardo da Vinci (1452–1519) e Michelangelo Buonarroti (1475–1564). Além de suas pinturas e desenhos, explora-se também sua atividade como prefeito do Vaticano para a Antiguidade. A perspectiva histórica é dada por peças como artefatos da Antiguidade, esculturas renascentistas, documentos ou objetos de arte aplicada.
Embora seja a maior de todas, a exposição em Roma está longe de ser a única representativa por ocasião dos 500 anos da morte do "divino Raffaello" – como era apelidado por seus contemporâneos. Na Alemanha, desde dezembro de 2019 pode ser visitada Rafael em Berlim: As Madonas da Gemäldegalerie, reunindo pela primeira vez retratos de Nossa Senhora realizados pelo pintor quando jovem.
Em fevereiro seguiu-se uma mostra especial do Kupferstichkabinett, com um pequeno, porém importante grupo de desenhos do mestre, provenientes do acervo próprio do gabinete de gravuras na capital alemã. Para o terceiro trimestre de 2020, a National Gallery of Art de Londres e a de Washington planejam exposições abrangentes, cobrindo diversos períodos criativos de Rafael.
_____________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
| App | Instagram | Newsletter