Menos verbas, melhor planejamento
5 de janeiro de 2004A afirmação recente do inspetor-geral das Forças Armadas alemãs, general Wolfgang Schneiderhan, foi categórica. Segundo ele, a Bundeswehr não precisa dispor de todas as armas imagináveis. O que se necessita é de um entrosamento internacional. A modernização das Forças Armadas nacionais tem de ser voltada para uma meta internacional conjunta, ressaltou. É contraproducente reivindicar de cada país em separado armas "mais potentes, melhores, mais rápidas".
É nesse sentido que deverá atuar a Agência Européia de Armamentos, que deve começar a atuar até o final do ano. Até agora, os países europeus gastam milhões em armamentos, sempre de forma pouco efetiva. Cada país quer ter Forças Armadas bem equipadas, mesmo quando está rodeado de países aliados. Ter uma certa autonomia de defesa é uma questão de prestígio e reflete interesses nacionais de cunho tradicional.
Recursos parcos
Nenhum país isolado pode ter um sistema amplo e próprio de defesa. As verbas disponíveis não são suficientes para isso: mesmo juntando os gastos militares de todos os países da UE, a soma ainda fica muito abaixo do que é investido pelos Estados Unidos no setor.
Mesmo assim, cada país europeu possui atualmente o seu próprio sistema de armamentos. E muitos são incompatíveis entre si. Nas operações militares conjuntas nos Bálcãs e no Afeganistão, isso ficou patente. Daí então a necessidade da Agência Européia de Armamentos, que deverá analisar as necessidades e coordenar o desenvolvimento e produção dos equipamentos das Forças Armadas européias em seu todo. Isso possibilitará a racionalização e o melhor aproveitamento dos recursos parcos.
Déficit militar
O ministro alemão da Defesa, Peter Struck, vê a configuração futura da Agência de maneira bastante pragmática: ela não deverá ser um órgão abrangente e burocrático, mas sim uma equipe pequena e de muita eficiência. Mas Struck adverte também para expectativas exageradas: a União Européia ainda necessitará de muitos anos para conseguir superar seu déficit militar.
No caso da Bundeswehr, as medidas de racionalização e de cortes deverão ser introduzidas o mais breve possível, buscando atender exatamente às necessidades constatadas nas operações internacionais dos últimos anos. A notícia sobre supostos planos de acabar com a clássica divisão em três armas (Exército, Marinha e Aeronáutica) foi entretanto desmentida por um porta-voz do Ministério da Defesa.
Três forças
Mas tanto Peter Struck como Wolfgang Schneiderhan confirmaram planos da criação de três tipos distintos de forças dentro da Bundeswehr: as forças de intervenção, de estabilização e de apoio. Isso serviria para otimizar a atuação das Forças Armadas alemãs nas operações conjuntas com mandato internacional. Já se chegou até mesmo a mencionar os possíveis contingentes de cada uma: 35 mil para intervenção, 70 mil para estabilização e 145 mil como apoio.
Os cortes planejados no orçamento militar alemão deverão ser anunciados neste começo de ano. A notícia divulgada em dezembro passado pelo jornal Die Welt, segundo a qual o corte total seria de cerca de 26 bilhões de euros entre 2005 e 2015, não foi desmentida pelo Ministério da Defesa. O porta-voz ministerial limitou-se a observar que a questão ainda não estava aprovada.