Mercado de trabalho é promissor para designer de games
28 de outubro de 2012Os tempos em que alguns poucos solitários loucos por computador inventavam seus jogos em porões enfumaçados – com figuras de rostos angulosos, diálogos ásperos, música barata feita em um sintetizador e muitos pixels – são definitivamente coisa do passado. Hoje em dia, alguns desses jogos contam com um esquema de produção equivalente ao de grandes produções hollywoodianas.
Centenas de pessoas costumam trabalhar na criação de um único jogo: programadores, designers, desenhistas, músicos, escritores, locutores. Os grandes games não implicam apenas em uma produção mais cara do que a de um filme, mas frequentemente geram lucros bem maiores.
O setor cresce, enquanto o hábito do jogo eletrônico se torna cada vez mais corriqueiro em todos os lugares. E não apenas no computador ou no console de casa, mas também nos tablets e celulares. A demanda por novos criadores é grande. Só a Escola Superior de Design de Mídia de Düsseldorf, por exemplo, forma a cada ano 26 designers de games.
Jogos e arte
Linda Breitlauch é a primeira e até agora única mulher no cargo de professora universitária nesta área. Aos 46 anos, ela percorreu caminhos diversos até chegar a ser docente em Düsseldorf. Ela começou a jogar por volta dos 12 anos. Mais tarde, frequentou uma Escola de Cinema, trabalhou com animação de computador e assumiu o cargo de professora em uma Escola Superior Técnica de Informática.
Breitlauch escreveu sua tese de doutorado sobre dramaturgia de games. "Um assunto que, há poucos anos, ainda causava um certo estranhamento numa Escola Superior de Artes", conta. Hoje em dia, as pessoas já reconheceram que os jogos de computador têm, sim, muito a ver com arte, completa Breitlauch.
Universo não mais exclusivamente masculino
Muitos dos estudantes da graduação chegaram a essa área por meio do design gráfico e da arte. Nos corredores da Escola, estão pendurados diversas capturas de telas de mundos fantásticos e personagens de histórias, monstros e outros seres. Antes de dar vida a eles na tela do computador, os estudantes precisam criar protótipos reais dos mesmos, que ficam expostos em vitrines.
Anteriormente, o setor era dominado por homens. Hoje, há cada vez mais mulheres que arriscam uma carreira no mundo dos games, uma vez que está claro que não se trata aqui apenas de "um assunto para nerd ou de mera tecnologia", descreve a professora. "O design de games engloba uma série de funções", completa.
Além disso, diz ela, também não é verdadeira a tese de que as mulheres não gostam de programação. "Há uma série de garotas que, de início, dizem que querem trabalhar na área gráfica, mas que de repente percebem que a programação é muito mais interessante", conta Breitlauch.
Jogar é aprender
Outro engano comum é o de que os estudantes de Design de Games querem fazer de seu hobby sua profissão, pois para hobby eles não teriam mais tempo. "Tenho que obrigá-los a jogar, pois faz parte da aula. É como na Escola de Cinema. Eles têm que entender o que funciona e o que não funciona, o que poderia ser feito de maneira melhor, o que se pode aprender com cada jogo. Enfim, é um trabalho de verdade", conta a professora.
As chances dos graduados no mercado de trabalho são excelentes, uma vez que a procura por criadores de games com formação é grande. Uma coisa, porém, é certa: é preciso continuar aprendendo depois da formação universitária, pois o setor muda muito rapidamente.
Atualmente, por exemplo, os jogos em plataformas móveis estão em alta, o que praticamente não existia há dois anos. "O setor de desenvolve de maneira tão assustadoramente rápida que praticamente não podemos prever o que vai acontecer em dois ou três anos", apontou Martin Lorber, da Electronic Arts, durante a Feira de Jogos Gamescom, em agosto último. Para as empresas, os graduados na área são profissionais bastante interessantes.
Um grupo de graduados teve sorte, afirma Linda Breitlauch, apontando para um troféu em uma vitrine nos corredores da Escola. "Três estudantes, que ganharam em 2010 o Prêmio Alemão dos Jogos de Computador, criaram juntos um game. Com ele, se candidataram como equipe e foram diretamente aceitos em uma empresa", conta a orgulhosa professora.
Autor: Silke Wünsch (sv)
Revisão: Mariana Santos