Milhares de independentistas catalães protestam em Bruxelas
8 de dezembro de 2017Dezenas de milhares de manifestantes favoráveis à independência da Catalunha foram às ruas em Bruxelas nesta quinta-feira (07/12) em apoio ao ex-presidente do governo regional catalão Carles Puigdemont. A polícia da Bélgica estima que 45 mil pessoas participaram do protesto.
Em marcha que passou pela sede da União Europeia (UE), manifestantes erguiam milhares de bandeiras da Catalunha, além de cartazes com o slogan "Acorda, Europa!", em crítica às autoridades em Bruxelas por não pressionarem o governo em Madri diante da crise na Catalunha.
Um dos cartazes trazia uma foto do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, com a pergunta: "Democracia? Alguns a defendem quando isso lhes convém. Que vergonha".
O protesto na capital belga foi organizado por duas associações independentistas catalãs, que estimavam a presença de cerca de 20 mil pessoas – menos da metade das que de fato comparecerem, segundo números policiais. Muitos manifestantes partiram da Espanha, de avião ou carro.
"A UE deveria nos ajudar, porque somos cidadãos europeus", afirmou um manifestante que viajou de Barcelona a Bruxelas para participar do ato. "Queremos ser livres", acrescentou outro jovem, que estava acompanhado de toda sua família.
Puigdemont, que fugiu semanas atrás para Bruxelas, também participou da manifestação, onde fez um discurso primeiramente em catalão e depois em francês para se dirigir a Juncker.
"Existe algum lugar no mundo que realize manifestações como essa em apoio a criminosos?", questionou o ex-presidente do governo catalão. "Então talvez não sejamos criminosos. Talvez sejamos democratas", acrescentou ele, em referência aos líderes separatistas.
"Queremos uma Europa de cidadãos livres, uma que escute seus cidadãos, além de escutar os Estados", afirmou Puigdemont ao fim da manifestação, reiterando que reprova o apoio da UE ao presidente do governo da Espanha, Mariano Rajoy.
Puigdemont e quatro ex-conselheiros de seu gabinete se instalaram na capital belga há várias semanas, depois que a Justiça espanhola passou a agir contra ex-membros do Executivo autônomo catalão, destituído por Madri em 27 de outubro por impulsionar um processo independentista.
Na terça-feira (05/12), um juiz do Tribunal Supremo da Espanha decidiu retirar as ordens europeias de detenção contra Puigdemont e os quatro ex-conselheiros.
A ordem nacional de detenção, no entanto, segue vigente. Assim, no momento em que o ex-presidente e seus funcionários retornarem ao território espanhol, eles serão detidos nas mesmas condições que os outros acusados pelo processo separatista.
Puigdemont lidera agora a candidatura da coalizão Junts per Catalunya nas eleições autônomas que acontecerão no próximo dia 21 de dezembro na região. Em Bruxelas, ele chamou os presentes a se pronunciarem nas urnas "pela liberdade e a dignidade".
EK/afp/ap/dpa/efe/lusa
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