Militares vão reforçar segurança em Natal
19 de janeiro de 2017Em meio a uma onda de violência e ataques nas ruas de Natal, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, afirmou nesta quinta-feira (19/01) que pediu ao governo federal o envio imediato de militares para reforçar a segurança na capital potiguar. A atuação das Forças Armadas na cidade foi autorizada, logo em seguida, pelo presidente Michel Temer.
Mais de 25 veículos foram incendiados em Natal, incluindo 21 ônibus, e duas delegacias foram atacadas desde quarta-feira, quando o governo iniciou a transferência de detentos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, onde uma rebelião deixou 26 mortos.
As autoridades estaduais investigam se a onda de violência tem relação com o motim ou são uma resposta à transferência dos presos do presídio, localizado na região metropolitana de Natal.
Antes de autorizar o envio de militares a Natal, Temer conversou com o ministro da Defesa, Raul Jungmann. O governo disse que enviará o Exército para atender ao pedido, mas não informou o efetivo que será disponibilizado para esta operação e nem quando o grupo chegará à capital potiguar.
Esta é a segunda solicitação das Forças Armada feita por Faria. Na quarta-feira, o governador pediu militares para atuarem em presídios estaduais.
Temer voltou a reiterar nesta quinta-feira que a atuação das Forças Armada dentro dos presídios ficará restrita à inspeção. A medida foi autorizada pelo governo para tentar conter a crise penitenciária, que ficou evidente no início deste ano após massacres em prisões. Em apenas quinze dias, mais de 130 presos foram mortos em penitenciárias no Brasil.
"Claro que elas vão cuidar dos presos, mas elas vão ter uma presença muito eficaz, muito eficiente nesta inspeção que farão ao longo do tempo, porque uma das coisas que agrava muito a questão dos presídios é a entrada de armas, celulares etc", disse Temer.
Situação tensa em Alcaçuz
Além da violência nas ruas, Natal enfrenta uma nova rebelião em Alcaçuz. Detentos de facções rivais voltaram a entrar em confronto dentro da unidade na manhã desta quinta-feira. A tropa de choque da Polícia Militar entrou no presídio para tentar conter a situação. Com a chegada a polícia, os presos que estavam na área externa voltaram para os pavilhões.
O governador do Rio Grande do Norte admitiu que a situação no local estava fora de controle. "A ordem é retomar a ordem do presídio, fazer uma corrente humana dentro, de policiais, separando eles, para acabar com essa folga de ficarem perambulando, e amanhã se inicia a construção de um paredão, de placas de concreto, para separar até você ter toda a remoção, no estado inteiro", disse em entrevista à emissora de televisão Globo News.
Os detidos circulam livremente pelo presídio desde março de 2015, quando as grades das celas foram destruídas numa rebelião. A penitenciária, que comporta 620 presos, está superlotada e abriga atualmente 1.150 homens.
A tropa de choque continua no local. Ambulâncias foram enviadas para a penitenciária. O governo disse que a nova rebelião deixou mortos, mas não divulgou números.
Em entrevista ao site G1, o assessor de comunicação da Polícia Militar do estado, major Eduardo Franco, disse que os presos estavam armados e se matando e descreveu a situação como um cenário de guerra.
A rebelião de domingo na maior prisão do Rio Grande do Norte marca mais um capítulo da crise penitenciária no país. Segundo as autoridades, o motim na penitenciária de Alcaçuz, que deixou 26 mortos, envolveu as facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Sindicato do Crime. Todos os mortos eram integrantes da última.
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