Alemanha quer facilitar deportação de estrangeiro criminoso
11 de agosto de 2016O Ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, apresentou nesta quinta-feira (11/08) uma série de propostas para elevar a segurança e diminuir o risco de atentados terroristas na Alemanha, abalada por recentes atentados.
Em entrevista à imprensa, De Maizière começou falando dos ataques em Ansbach e em Würzburg em julho – ambos na Baviera e executados por refugiados. O ministro afirmou que é preciso superar as preocupações da sociedade e, de forma ponderada e determinada, adotar as medidas cabíveis a esses atos de violência.
"Ninguém pode garantir segurança absoluta, mas temos que fazer aquilo que está ao nosso alcance", afirmou. O ministro reiterou que a Alemanha não vai responder à violência com ódio e divisão na sociedade. "Esse triunfo nós não daremos aos terroristas."
Mais policiais
De Maizière dividiu seu pacote antiterrorismo em três pontos. O primeiro deles são contratações no setor de segurança. Segundo o ministro, já foi definida a abertura de 4.600 novas vagas. Somente a polícia federal deve ganhar 3.250 funcionários.
Para evitar ataques, o ministro falou num combate mais eficiente à cibercriminalidade e na capacitação de investigadores especializados para identificar o comércio ilegal de armas e a comunicação entre terroristas na internet.
O ministro também falou sobre a necessidade de unificar dados e promover um melhor intercâmbio de informações entre autoridades da União Europeia, em relação a impressões digitais e vistos, por exemplo.
Melhor integração de refugiados
O segundo ponto mencionado é a prevenção de ataques através da integração dos imigrantes à sociedade alemã, afastando-os assim da radicalização. "Boa política de integração também é uma boa política de segurança", afirmou De Maizière.
Segundo o ministro, é necessário um melhor acompanhamento dos refugiados. Professores dos chamados cursos de integração devem ser capacitados para lidar melhor com pessoas traumatizadas.
Ele também falou sobre o sigilo médico. Este deve ser mantido, mas o governo deve buscar junto à comunidade médica maneiras de identificar quando um indivíduo representa um risco para a sociedade. A proposta, que vazou antes da fala do ministro, foi alvo de polêmica, e tem como origem o fato de que o jovem que executou o recente atentado de Munique estava sob tratamento médico.
Deportações e retirada da cidadania alemã
O terceiro ponto apresentado pelo ministro foi "agir com determinação contra potenciais agressores, criminosos e pessoas que levam outras à radicalização".
Estrangeiros que cometeram crimes ou que representam perigo para a sociedade devem ser deportados mais rapidamente, propôs. O período em que um imigrante fica sob o status de tolerado (geduldet) deve ser encurtado quando, por exemplo, ele fornecer informações erradas sobre sua identidade.
Além disso, alemães que se unirem à luta armada de grupos extremistas no exterior e possuírem dupla cidadania devem perder a cidadania alemã. Aliciar pessoas ou fazer propaganda para grupos terroristas deve ser passível de punição.
Proibição da burca é descartada
Ao responder a perguntas de repórteres, De Maizière afirmou que é preciso diferenciar entre os temas refugiados e terrorismo. No entanto, ele reiterou que os ataques em Ansbach e Würzburg foram cometidos por refugiados, e que há indícios de que há terroristas entre os refugiados.
Ao ser questionado sobre uma possível proibição da burca no país, o ministro disse que isso pode violar a Lei Fundamental (Constituição). Ele também descartou o fim da dupla cidadania para pessoas nascidas na Alemanha. "Não se pode proibir tudo o que se rejeita", afirmou.
Segundo De Maizière, da União Democrata Cristã (CDU), as propostas são consideradas aceitáveis pelo parceiro de coalizão Partido Social-Democrata (SPD). O ministro afirmou que as medidas devem ser discutidas e aprovadas ainda nesta legislatura.
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