Ministro do Meio Ambiente da França renuncia
28 de agosto de 2018O ministro francês do Meio Ambiente, Nicolas Hulot, anunciou sua renúncia do cargo nesta terça-feira (28/08), sem ter antes comunicado o presidente da França, Emmanuel Macron, ou o primeiro-ministro, Édouard Philippe.
"Eu tomei a decisão de deixar o governo", disse Hulot durante uma entrevista à rádio France Inter, após confidenciar que se sentia "sozinho" no Executivo francês diante de um "acúmulo de decepções" em relação a medidas de combate às mudanças climáticas.
"É a decisão mais difícil da minha vida. Não quero mais mentir para mim mesmo, não quero dar a ilusão de que a minha presença no governo significa que estamos fazendo o suficiente para lidar com esse desafio [climático]", acrescentou.
"A França está fazendo mais do que muitos outros países, mas não está fazendo o suficiente. A Europa não está fazendo o suficiente. O mundo não está fazendo o suficiente", disse. "Eu tenho um pouco de influência, mas não tenho poder nem meios."
O anúncio representa um grande golpe para o governo de Macron, que se comprometeu a fazer da França um líder global em soluções climáticas após o Acordo de Paris de 2015.
Durante sua campanha presidencial, Macron prometeu implementar políticas ambientais ambiciosas. Mas Hulot sugeriu que o governo tem falado mais do que executado medidas ambientais.
As diferenças entre Hulot e o governo ficaram claras nos últimos meses. Ele ficou desapontado quando o governo retrocedeu em relação à meta de reduzir a dependência da energia nuclear em 50% até 2025, por exemplo.
Hulot, que foi apresentador de TV e era um dos ministros mais populares do governo atual, tomou a decisão após uma reunião sobre a caça presidida por Macron. Ele contou que estava presente "um lobista que não foi convidado" – em referência a Thierry Coste, que trabalha para a Federação Nacional de Caçadores.
"A presença de grupos de pressão nos círculos de poder é significativa", afirmou o ministro. Ele insistiu, no entanto, que não quer que sua renúncia sirva para atacar o governo, pois tem "uma profunda admiração por Macron e Philippe".
Nem Macron nem Philippe foram avisados da renúncia. "Eu sei que não é muito formal", admitiu e explicou que receava que o tentassem dissuadir de renunciar ao cargo "mais uma vez".
O porta-voz do governo francês, Benjamin Griveaux, lamentou a saída do ministro e elogiou o trabalho realizado por Hulot, mas não deixou de sublinhar a falta de cortesia para com Macron.
"Faz-se uma revolução ambiental em um ano? A resposta é não!", disse Griveaux. "Prefiro pequenos passos a não fazer nada."
PV/rtr/afp/lusa/efe
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