Ministros europeus propõem novas sanções contra o Irã e a Síria
8 de setembro de 2012Reino Unido, França e Alemanha reforçaram suas preocupações com relação ao programa nuclear do Irã durante encontro de ministros de Relações Exteriores da União Europeia (UE) desta sexta-feira (07/09), no Chipre. Os líderes pediram o apoio de seus parceiros europeus para impor mais sanções contra o governo em Teerã.
Enquanto Israel continua ameaçando o Irã com ações militares, o ministro do Exterior alemão, Guido Westerwelle, afirmou que o país regido por Mahmud Ahmadinejad falhou em atender aos pedidos da comunidade internacional em voltar atrás com os projetos nucleares. O político defendeu que a UE imponha novas sanções dentro das próximas semanas.
"Estamos diante de uma situação séria, não vamos aceitar uma arma nuclear iraniana", disse Westerwelle. "Sanções são necessárias, e logo. Não vejo que realmente haja uma vontade construtiva do lado iraniano para conversas substanciais."
O ministro francês do Exterior, Lauren Fabius, indicou que as novas medidas poderiam visar os setores financeiro, petrolífero ou comercial do Irã, mas não deu mais detalhes. "Vamos discutir nos próximos dias os detalhes para intensificar as sanções", disse.
As últimas medidas coercitivas contra o Irã foram anunciadas pela UE em julho passado, quando se estabeleceu um embargo sobre o petróleo do país. A penalidade, somada a outras sanções norte-americanas atingindo o setor financeiro, tinha como objetivo prejudicar as exportações de petróleo iraniano, que respondem por metade da receita do governo.
Teerã nega as alegações dos países ocidentais de que suas atividades nucleares são voltadas para armamento, e garante que o trabalho é pacífico, tendo objetivos energéticos.
Rompimento com o Canadá
O movimento para mais sanções foi iniciado após o governo do Canadá ter fechado sua embaixada em Teerã e expulsado toda a equipe diplomática iraniana da capital Ottawa nesta sexta-feira. Os diplomatas terão cinco dias para deixar o país. O ministro canadense o Exterior, John Baird, disse que o Irã é hoje a "mais significante ameaça à paz global e à segurança no mundo".
O Canadá não explicou o que exatamente levou o país a cortar as relações diplomáticas com o Irã. Mas em um comunicado contundente, Baird acusou o Irã de "incitar o genocídio" contra Israel – aliado dos canadenses. O ministro disse ainda que Teerã está apoiando o presidente sírio na violenta repressão da oposição ao governo.
Baird também acusou o regime de aiatolá Ali Khamenei, o líder religioso do Irã, de promover o terrorismo internacional e de não explicar seu controverso programa nuclear. Países ocidentais acusam o Irã de usar o projeto para construir uma bomba nuclear, o que é negado pelos iranianos.
Neste sábado, o Irã acusou o Canadá de "comportamento hostil" por influência israelense e britânica. O porta-voz do Ministério iraniano do Exterior, Ramin Mehmanparast, disse que a decisão do Canadá foi uma "continuidade das políticas anti-iranianas".
Alaeddin Boroujerdi, presidente do influente Comitê Parlamentar para segurança nacional e políticas internacionais, disse que pode haver uma "imediata e decidida" resposta para a medida canadense. "É fundamental que o ministro do Exterior responda à essa ação do Canadá com base nos interesses nacionais".
Cerca de 120 mil pessoas de origem iraniana vivem no Canadá. Os dois países têm se desentendido com relação ao tratamento dos cidadãos com dupla nacionalidade que tentam entrar no Irã, que não reconhece dupla cidadania.
Os Estados Unidos cortaram oficialmente as relações diplomáticas com o país desde o episódio ocorrido entre 1979 e 1981, quando 52 norte-americanos ficaram detidos em Teerã por 444 dias. O Reino Unido fechou sua embaixada no Irã em novembro de 2011, depois de o prédio ter sido atacado por manifestantes.
Sanções contra Síria
Durante o encontro no Chipre, os ministros também concordaram neste sábado em aumentar a pressão contra o regime do presidente sírio Bashar al Assad. Eles incumbiram a chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, de preparar uma 18ª rodada de medidas restritivas ao governo sírio até outubro.
"Há um sentimento geral de que deve ser colocada maior pressão sobre o regime para acabar com a violência e permitir a distribuição de ajuda humanitária no país", disse o ministro espanhol José Manuel Garcia Margallo.
A UE já suspendeu toda exportação de armas para a Síria, assim como a importação de petróleo, pedras preciosas e artigos de luxo do país, em rodadas prévias de sanções. Os europeus também proibiram o ingresso nos estados-membros de 155 pessoas e 53 entidades sírias, além de congelar ativos deles, por acreditarem que elas influenciam na violência estabelecida no país.
MSB/rtr/afp/dpa
Revisão: Luisa Frey