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Moradores de Tel Aviv aprendem a conviver com o medo dos ataques aéreos

20 de novembro de 2012

Depois de 21 anos em silêncio, os alarmes antiaéreos se tornaram parte do cotidiano de Tel Aviv depois que a metrópole entrou na mira dos foguetes do Hamas.

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Foto: cc-by-sa/Shmuliko

"Quando as sirenes soaram, levei alguns segundos para entender o que estava acontecendo", lembra Michal Edry, de 35 anos. Isso foi na quinta-feira passada. Pela primeira vez em 21 anos, as Brigadas de Ezedin al-Qassam, braço armado do Hamas, dispararam um míssil em direção a Tel Aviv.

Michal Edry e seu marido, Ronny, que ganharam fama internacional no começo do ano ao criarem a campanha online pela paz Israel loves Iran, estavam a caminho de um compromisso no consulado francês, no sul de Tel Aviv. "Pensamos em procurar abrigo no consulado, mas o funcionário da segurança ficou nervoso e fechou a porta na nossa cara", lembra Michal.

O marido a agarrou e ambos correram para outro prédio. "Corremos alguns segundos que pareciam uma eternidade e entramos num centro para jovens onde havia crianças russas e árabes. Elas choravam e gritavam em russo, árabe e hebraico. Foi bizarro." Há poucos abrigos antiaéreos em Tel Aviv e, dependendo do local em que se está, eles estão a alguns minutos de distância.

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Moradores de Tel Aviv correm após ouvir o som dos alarmes antiaéreosFoto: picture-alliance/dpa

Mais de cem palestinos mortos

Na quarta-feira passada, um ataque de Israel matou o líder militar do grupo radical palestino Hamas, Ahmed al-Jabari. Ele estava supostamente envolvido no sequestro do soldado israelense Gilad Shalit, entre outras ações. O ataque que matou Jabari marcou o início da ofensiva denominada pelos israelenses de "Pilar de defesa".

A resposta vinda da Faixa de Gaza foi imediata. Extremistas palestinos já lançaram cerca de mil foguetes na direção de Israel. Três israelenses foram mortos e dezenas ficaram feridos.

No lado palestino, o número de vítimas é muito maior. De acordo com agências de notícias palestinas, mais de cem pessoas morreram em ataques israelenses. Centenas ficaram feridas. Na densamente povoada Faixa de Gaza, os extremistas disparam seus foguetes, muitas vezes, a partir de áreas residenciais. Cada vez que Israel ataca as posições palestinas, muitas pessoas são mortas.

A alemã Johanna Michel vive com o namorado israelense no centro de Tel Aviv. Ela foi surpreendida pelo primeiro alarme antiaéreo quando estava no meio de uma refeição e correu para a escada do seu prédio, buscando proteção. De lá para cá, ela já desenvolveu uma espécie de rotina. "Já tivemos cinco alarmes – a vida continua", diz a jovem de 28 anos. "As pessoas saem para trabalhar, para ir a um bar, à escola. Mas ainda podemos sentir a tensão, aquela espera pelo próximo alarme."

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Israelenses procuram proteção nos abrigos subterrâneos de Tel AvivFoto: Getty Images/AFP

Cúpula de ferro

São 18h40 de domingo e, de repente, as sirenes voltam a tocar. Esta é a sexta vez desde a quinta-feira. E, mais uma vez, o foguete palestino é interceptado em pleno voo pelo sistema de defesa antimíssil batizado de "cúpula de ferro".

A explosão pode ser ouvida em toda Tel Aviv. A vida parece ter sido congelada por uns instantes. As pessoas correm para o edifício mais próximo. Motoristas e passageiros de ônibus saltam no meio da rua, deitam-se no chão, com as mãos atrás da cabeça, para se proteger de estilhaços.

As sirenes se calam e, após uma pequena pausa, a vida prossegue. "Teria que ser muito pior para que eu me ver obrigada a voltar para a Alemanha", afirma Johanna, deixando entender que a situação ainda é suportável. "Mas quando imagino que a situação pode ficar como em Sderot, começo a perder o sono", diz. A cidade de Sderot, no sul de Israel, próxima à fronteira com Gaza, sofre há anos ataques quase diários de foguetes.

Clima opressivo

O DJ Dan Yoel estava a caminho de casa quando soou o primeiro alarme. "Eu estava ouvindo música nos meus fones de ouvido, me preparando para minha próxima apresentação, no fim de semana. As pessoas começaram a correr e um carro da polícia parou ao meu lado. Um policial me disse para eu procurar proteção. Depois de uns 10 minutos, a vida continuou", lembra, ressaltando que, à noite, não sente diferença alguma, quando está num dos clubes noturnos da cidade. Mas no sábado, quando os judeus não trabalham, as ruas estavam vazias. "O clima era opressivo", afirma Yoel.

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Curiosos observam de longe o sistema de defesa antimíssil "cúpula de ferro"Foto: AP

O Exército israelense já mobilizou 75 mil reservistas e garante, por meio de seu porta-voz, que os preparativos para uma ofensiva terrestre estão concluídos. Muitos israelenses entre 20 e 40 anos estão na fronteira com a Faixa de Gaza, prontos para invadir o enclave, caso o comando seja emitido.

Entre os convocados estão alguns amigos de Dan Yoel. "Eu sou de esquerda", comenta o DJ. "Mas não vejo alternativa a uma operação militar para parar os foguetes do Hamas. Acho que toda Israel é unânime nesse ponto." Pelo menos no que diz respeito à população judaica da cidade, é bem possível que isso seja verdade.

Autor: Florian Mebes (md)
Revisão: Alexandre Schossler