Morre policial ferido em ato de extrema direita na Alemanha
2 de junho de 2024Um policial alemão morreu neste domingo (02/06) em decorrência de ferimentos sofridos durante um ataque contra membros de um grupo ultradireitista e anti-Islã na cidade de Mannheim, segundo nota divulgada pela Promotoria Pública juntamente com a polícia local.
O policial de 29 anos foi esfaqueado diversas vezes na última sexta-feira enquanto tentava acudir outra vítima do ataque, em uma praça central da cidade. Ele foi levado para um hospital onde permaneceu em estado de coma.
"Ele foi submetido a uma cirurgia de emergência logo após o crime e foi colocado em coma artificial, mas sucumbiu aos graves ferimentos na tarde desde domingo", afirma a declaração conjunta. "Lamentamos a morte de um policial que deu sua vida por nossa segurança."
O agressor, um homem de 25 anos, foi filmado enquanto esfaqueava cinco membros de um movimento anti-Islã chamado Pax Europa em um estande do grupo montado na praça. Um dos alvos era o ativista de extrema direita e blogueiro Michael Stürzenberger. Em seguida, ele investiu contra o policial que tentava ajudar um dos feridos, o atingindo nas costas e na cabeça, e somente foi detido após ser alvejado por outro policial.
Os investigadores afirmam que o suspeito é um homem de nacionalidade afegã que vive na Alemanha desde 2014. Ele não tem antecedentes criminais e não era vigiado pelas autoridades de segurança.
De acordo com as últimas informações, o agressor está hospitalizado, mas ainda não se encontra em condições de ser interrogado pelos investigadores. A polícia disse que a causa e a motivação do suspeito para cometer o crime ainda precisam ser investigadas mais a fundo.
Stürzenberger e o Pax Europa estão sob vigilância das autoridades no estado da Baviera por promoverem "esforços anti-Islã" voltados para a abolição da liberdade religiosa dos muçulmanos.
Homenagens de políticos e policiais
O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, disse neste domingo estar "profundamente entristecido" com a morte do policial. "Sua dedicação à segurança de todos merece nossos maiores respeitos", afirmou.
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, lamentou a morte e expressou preocupação com a "brutalização dos conflitos políticos e o aumento da propensão à violência" na Alemanha. "Isso não pode continuar", prosseguiu. "A violência coloca em risco tudo o que foi fortalecido pela nossa democracia."
Winfried Kretschmannm, governador do estado de Baden Würtemberg, onde está localizada a cidade de Mannheim, se disse abalado com a notícia e ofereceu suas condolências à família, amigos e colegas do policial.
"Esse crime terrível expõe dolorosamente perante os nossos olhos os riscos incalculáveis aos quais os policiais estão expostos diariamente", afirmou Kretschmann. "Como sociedade, devemos a eles nosso máximo respeito e reverência."
"Ele deu sua vida ao agir para proteger outras pessoas", disse o secretário estadual do Interior, Thomas Strobl.
O diretor do sindicato dos policiais no estado, Ralf Kusterer, lamentou a morte e afirmou que "a violência que enfrentamos diariamente é impiedosa, brutal e, por vezes, fatal".
Polícia intervém em novos protestos em Mannheim
A polícia de Mannheim esteve presente em grande número no centro da cidade neste domingo, quando foram realizados ao menos três atos públicos em reação ao ataque da última sexta-feira.
Uma organização multipartidária convocou um cordão humano em torno de parte da região do centro em protesto contra a violência e o ódio. Segundo a polícia, entre 800 e mil pessoas estiveram presentes.
Ao mesmo tempo, a ala jovem do partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD) realizou uma manifestação, que contou com cerca de 150 pessoas, sob o lema "a remigração teria evitado esse crime", utilizando um termo que se refere à repatriação forçada de pessoas de origem migratória – ideia bastante controversa defendida por membros do partido.
Ativistas de grupos de esquerda realizaram uma contramanifestação espontânea, sem que as autoridades fossem previamente informadas, o que é obrigatório para a realização de atos públicos na Alemanha. A polícia entrou em confronto com os manifestantes.
A polícia de Mannheim justificou a ação dizendo que agiu para impedir um confronto direto entre os grupos de esquerda e ultradireita. Uma pessoa foi detida por agredir um policial.
rc (AFP, dpa)