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Mudança climática custa dinheiro

(sk / jb / sm)15 de agosto de 2005

O clima global tem que ser mantido em equilíbrio não apenas por razões ecológicas. A mudança climática tem um alto preço. O prognóstico para os próximos 50 anos é alarmante.

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Calor escaldante em Berlim: cidades grandes ameaçadas pelo aquecimento do planetaFoto: AP

O planeta aquece gradativamente e esta tendência terá sérias conseqüências. Chuvas arrasadoras, enchentes, ondas de calor ou temporais são cada vez mais freqüentes e intensos. Os prejuízos financeiros dessas catástrofes naturais são incalculáveis.

Hochwasser Jahrestag - Semper-Oper in Dresden
Dresden sob as águas durante a enchente de 2002Foto: AP

Claudia Kemfert, do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), afirma que os prejuízos econômicos ocasionados por fatores climáticos aumentaram em 15% nos últimos 30 anos: "Os danos causados pelas enchentes no ano 2002 são avaliados em 13 bilhões de euros, os ocasionados pela onda de calor de 2003 chegaram a dez bilhões de euros e fizeram 27 mil mortos. Segundo a resseguradora Munich Re, os prejuízos climáticos mundiais chegaram a 55 bilhões de dólares em 2002".

Mas isso é só o começo. O DIW prevê danos gerais de até 200 trilhões de dólares até 2050, caso não seja introduzida com urgência uma política ativa de proteção climática. A Alemanha teria que arcar com pelo menos 800 bilhões de dólares.

Malária na Alemanha

Isso implica não apenas custos de seguros e danos de infra-estrutura, como também crescentes gastos com saúde. "Se observarmos uma elevação de temperatura de 3,5ºC até 2100, a Alemanha vai ser cada vez mais afetada por doenças. Já foi cientificamente provado que vai ser possível pegar malária na Alemanha. E esses casos de doenças vão elevar ainda mais as despesas do sistema de saúde", declarou Kemfert.

Stürmisches Schmuddelwetter in Hamburg Orkanböen Sturmwarnung Sturm Unwetter
Hamburgo sob tempestades, em 2003Foto: dpa

Os prejuízos decorrentes da mudança climática dificilmente podem ser contidos. Caso se invistam 18 trilhões de dólares até 2050, seria possível evitar danos de 32 trilhões de dólares", explica Kemfert. Mas quanto maior for a hesitação, mais cara será a prevenção: "Uma política de proteção climática que começasse no ano 2025 custaria 24 trilhões de dólares e só evitaria 12 trilhões de danos".

O pior ainda está por vir

O aquecimento do planeta deverá ser um importante fator de custo. No último século, a temperatura média mundial aumentou 0,6ºC. Mas há variações regionais. Na Europa, por exemplo, a elevação chegou a quase 1ºC. Mas o pior ainda está por vir. Os cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) contam com um aumento de 1,4ºC a 5,8ºC até o fim do século. Isso significa que haverá cada vez mais ondas de calor nas cidades, algo que terá um grave impacto econômico.

Die Kraft des Windes reißt Windkraftwerk um
Turbina eólica derrubada pelo vento no norte da Alemanha, em 2002Foto: AP

O uso de ar condicionado e ventiladores causará um aumento notável no consumo de energia durante o verão. Quanto mais calor, maior o consumo de energia, maior a emissão de gases causadores do efeito estufa no processo de produção de eletricidade e, por fim, mais calor. Um círculo vicioso, portanto.

A organização ambiental WWF exige que as companhias de eletricidade passem a produzir energia de fontes renováveis, como vento, água e biomassa. Numa fase de transição, as usinas também poderiam utilizar mais gás, uma fonte que não é neutra, mas pelo menos não contribui tanto para o efeito estufa como carvão ou petróleo.

Kyoto – um difícil começo

O problema é que a mudança climática só pode ser detida através de uma ação internacional. A fim de manter o problema climático nas dimensões atuais, as emissões de gases causadores do efeito estufa deveriam ser reduzidas em 60% até 80%.

Auf dem Trockenen
Seca no Reno, em 2003Foto: AP

As metas de redução de emissões estipuladas pelo Protocolo de Kyoto são apenas um passo inicial na direção certa, comenta Claudia Kemfert, do DIW. Mas mesmo este pequeno avanço esbarra na resistência de potências econômicas como os EUA e a China. Kemfert teme que esses países só venham a mostrar mais empenho pela proteção climática se não houver implicações econômicas muito drásticas. Neste sentido, o comércio de direitos de emissão poder ser um caminho promissor.