Mundial pode gerar 100 mil empregos temporários
31 de outubro de 2005Cerca de um milhão de turistas estrangeiros são esperados no ano que vem nas 12 cidades-sedes da Copa 2006 na Alemanha. Para atendê-los, serão gerados cerca de 100 mil empregos, sobretudo nas áreas de segurança, transporte, hotelaria e gastronomia.
A previsão é da Agência Federal do Trabalho (BA), em Nurembergue, e da Federação Alemã de Futebol (DFB), que acabam de lançar um programa para intermediar a mão-de-obra necessária ao funcionamento do Mundial de futebol.
"Não podemos fechar os olhos diante de cinco milhões de desempregados na Alemanha", diz o presidente da DFB, Theo Zwanziger. Segundo Heinrich Alt, um dos diretores da BA, a idéia é apoiar os empregadores na intermediação de novas vagas. "Mas ninguém tem a ilusão de que a Copa possa resolver o problema do desemprego em massa", acrescenta.
Sem burocracia
A BA oferece uma central de atendimento especial, via correio, telefone (linha direta) e internet (www.arbeitsagentur.de) às empresas que procuram mão-de-obra para o Mundial. Candidatos a empregos qualificados poderão ser sugeridos dentro de 48 horas; interessados em atividades simples, na hora.
Segundo a BA, no momento, a procura maior é por cozinheiros, pessoal de segurança e limpeza e motoristas, mas há perspectivas também, por exemplo, para tradutores e especialistas em tecnologia da informação. "Mesmo que a maioria dos empregos vinculados à Copa seja apenas temporário, eles podem servir de referência para os desempregados", diz Zwanziger.
Milagre para o mercado de trabalho?
O governo alemão espera da Copa um "pequeno milagre" para o mercado de trabalho. À medida em que se aproxima o torneio, a BA divulga previsões cada vez mais otimistas. Em junho passado, a agência ainda contava com a criação de 50 mil empregos.
Os economistas são mais cautelosos, argumentando que megaeventos como a Expo 2000 e a Copa 2006 geram apenas "relações de trabalho temporárias e incertas". Segundo um estudo do Postbank, o Mundial deve criar apenas 10 mil empregos permanentes.
O professor de economia esportiva da Universidade de Bochum, Markus Kurscheidt, prevê a abertura de, no máximo, 27 mil vagas em função da Copa. Mesmo assim, ele vê o torneio de futebol como motor conjuntural.
Kurscheidt estima que os turistas estrangeiros trarão uma receita adicional de 850 milhões de euros aos hotéis, restaurantes e lojas de artigos esportivos em 2006. No total, as empresas alemãs poderão faturar 3,5 bilhões de euros que não obteriam sem o Mundial, acrescenta.
O mais importante − segundo Kurscheidt − é que a Copa pode melhorar o clima de consumo na Alemanha. "Se a demanda interna aumentar a longo prazo, pode provocar uma expansão de oito bilhões de euros do PIB até 2010. Isso, sim, geraria mais novos empregos", conclui.