Mundo da moda
21 de setembro de 2011Com suas tradicionais festas lotadas de celebridades e desfiles deslumbrantes, a Milan Fashion Week foi aberta nesta quarta-feira (21/09), mesmo dia em que se encerra a London Fashion Week. Os dois eventos indicam a atual tendência do mundo da moda: investir nos mercados emergentes para superar a crise econômica na Europa.
Na capital da moda italiana, 73 grifes invadem as passarelas com sua coleções primavera-verão 2012, e marcas líderes como a Gucci estão abrindo lojas hi-tech na cidade. Mas líderes da indústria dizem que o setor enfrenta um período de incertezas.
"O problema da Itália e da Europa como um todo é o crescimento. Como os países que estão crescendo são os que estão distantes, nossa máxima atenção será dedicada a promover exportações made in Italy para o mundo todo", disse Mario Boselli, chefe da Câmara Nacional da Moda Italiana.
Apesar do glamour mostrado por grifes como Gucci, Prada, D&G, Versace e Armani e de todo o frenesi que a Fashion Week vai provocar até a próxima segunda-feira, as empresas italianas não escondem que precisam buscar lucros no exterior.
"Este primeiro semestre foi fantástico para as nossas marcas, com um crescimento de 30% a 40% nas vendas no exterior, principalmente na Ásia, no Cazaquistão e na Rússia", disse Gaetano Marzotto, chefe do grupo têxtil Marzotto.
Da Itália para o mundo
De janeiro a maio de 2011, as exportações de roupas femininas italianas cresceram 17,4% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A França e a Alemanha seguem como os principais mercados, mas a Rússia ocupa agora o posto de terceiro maior comprador.
"Na Itália, onde o consumo diminuiu, as vendas foram sustentadas pelos turistas. No bairro da moda de Milão, onde estão concentradas as marcas de maior prestígio, 60% das compras foram feitas por estrangeiros", afirma Marzotto.
O empresário notou, entretanto, uma diminuição das vendas nos dois últimos meses, mesmo para estrangeiros, por conta de "incertezas ligadas à divida europeia e a uma falta de clareza por parte do governo italiano, o que enfraquece a confiança do consumidor".
Enquanto isso, grifes como Prada são um exemplo de sucesso em mercados emergentes. A companhia foi listada na Bolsa de Valores de Hong Kong em junho e anunciou um salto de 74,2% nos lucros do primeiro semestre deste ano, devido principalmente aos compradores asiáticos.
As vendas da Prada na região da Ásia e do Pacífico, com exceção do Japão, cresceram 35,4% – de longe a sua maior alta no mundo. O grupo disse que pretende ter 550 lojas até 2013, sendo cerca de metade delas na Ásia.
Design inglês na China
As vendas de itens de design na China emergiram nos últimos anos, com o aumento do poder de compra de uma nova classe de consumidores e seu desejo de entrar no setor de luxo.
Em Londres, após o desfile na Fashion Week, o designer britânico Julien MacDonald disse ter um mercado particular em vista: a China. "Estamos todos em recessão, menos a China. O novo dinheiro está na China, todos os designers do mundo querem entrar no país e no Oriente", comentou.
A China, que será o maior mercado de luxo do mundo dentro de cinco anos, tornou-se uma segunda casa para marcas como Hermès e Tiffany & Co, além da Prada – saciando o apetite chinês por carros de luxo, bolsas e diamantes. E designers britânicos perceberam a tendência.
"Há um boom no mundo da moda e acredito que seja principalmente por causa da China", declarou a designer Vivienne Westwood, após o desfile da Red Label. "Todos estamos tirando proveito desse enorme interesse na China."
Compradores chineses marcaram presença na semana da moda de Londres. "Há cinco anos, todo mundo citava a Rússia, depois Rússia e Índia, e agora Rússia, Índia e China", disse o designer britânico Paul Smith.
A previsão é de que o consumo chinês de itens de luxo cresça 18% ao ano, passando de 12,2 bilhões de dólares em 2010 para cerca de 27,5 bilhões de dólares até 2015, de acordo com a consultoria McKinsey.
LPF/afp/rtr
Revisão: Alexandre Schossler