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MigraçãoEstados Unidos

México critica envio de ônibus de migrantes à casa de Kamala

28 de dezembro de 2022

Presidente mexicano, López Obrador, condenou ato "desumano" atribuído ao governador republicano do Texas. Migrantes foram deixados próximo à residência da vice-presidente dos EUA, no Natal mais frio dos últimos 40 anos.

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Pessoas com jaquetas leves
Apesar das temperaturas negativas, imigrantes vestiam roupas levesFoto: WJLA via AP/picture alliance

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, classificou nesta terça-feira (27/12) como "desumano" o fato de, em pleno Natal, o governo do Texas ter enviado um ônibus com migrantes à residência oficial da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris. As autoridades do Texas não confirmaram o envolvimento na ação.

"É uma atitude muito desumana porque estamos falando de um tempo de baixas temperaturas. Então, por causa de sua fobia de migrantes, sua xenofobia, e por causa de seus interesses políticos, eles se atrevem a usar a dor, a necessidade do povo", disse o presidente mexicano durante sua entrevista coletiva matinal no Palácio Nacional.

Na madrugada do dia 25, três ônibus com migrantes chegaram a Washington, um deles em frente à residência oficial da vice-presidente americana. Na data, fazia -10 °C na capital dos EUA.

Segundo voluntários que acolheram os migrantes e forneceram cobertores, tratava-se de cerca de 130 pessoas vindas da América Central e do Sul. Apesar das temperaturas negativas, a maioria vestia roupas leves - alguns bermudas e chinelos. Eles foram levados ao abrigo de uma igreja.  

Os ônibus teriam sido fretados pelo governador republicano do Texas, Greg Abbott, que, desde abril, enviou dezenas de ônibus com migrantes para estados governados por democratas como forma de protesto contra a política de imigração do presidente americano, Joe Biden. O gesto é amplamente criticado por organizações de direitos humanos.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, e o governador do Arizona, Doug Ducey, também transportaram migrantes para cidades administradas por democratas. O objetivo é forçar o governo Biden a intensificar os controles de imigração na fronteira dos EUA com o México.

Tempestade Elliot

Obrador criticou a ação, sobretudo pelas condições climáticas nos EUA, onde, em meio àtempestade de inverno Elliot, foi registrado o Natal mais frio dos últimos 40 anos, com temperaturas que chegaram a -50 °C . O evento climático histórico varreu o país de Norte a Sul e de Oeste e Leste e deixou ao menos 50 mortos. 

O presidente mexicano também disse que durante a cúpula trilateral da América do Norte em janeiro, quando Biden visitará o México, aproveitará para repensar o plano de implementar programas nos países centro-americanos para combater a migração que afeta o norte do continente.

"Agora que o presidente Biden vai estar conosco, vamos tratar o assunto de forma estrutural, estamos propondo que haja um programa de apoio aos países mais pobres, com mais necessidades para que as pessoas não sejam forçadas a emigrar", disse.

Ele destacou que os programas sociais que implementou nos países da América Central, como o de repovoamento "Semeando Vida" e o de emprego "Jovens construindo o futuro", produziram resultados.

"Já fizemos avaliações e sabemos que com dois programas conseguimos manter as pessoas em seus lugares de origem, é a aproximação que estamos fazendo com o governo dos Estados Unidos", enfatizou.

Na semana passada, vários estados americanos governados por conservadores, incluindo o Texas, conseguiram na Justiça adiar a suspensão do Título 42, uma política federal de saúde que permite a deportação rápida de pessoas que cruzam a fronteira ilegalmente sem poder pedir asilo.

A regulamentação implementada pelo governo do ex-presidente republicano Donald Trump – mas e também usado por Joe Biden - deveria ter deixado de valer em 22 de dezembro por ordem judicial, mas a Suprema Corte congelou a decisão.

Nos últimos dias, milhares de pessoas cruzaram a fronteira com o México e muitas delas se concentraram na cidade de El Paso, no Texas, onde precisam dormir ao ar livre, apesar das baixas temperaturas.

le (EFE, ots)