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Eleições na mídia europeia

4 de outubro de 2010

Sites dos mais importantes jornais europeus se ocuparam do resultado da eleição presidencial brasileira. Para a mídia europeia, escândalos de corrupção e o avanço de Marina Silva levaram as eleições para o segundo turno.

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Marina: 'vingança consumada' e 'verdadeira vitoriosa'Foto: AP

Os resultados das eleições presidências brasileiras ocuparam as páginas principais dos sites de diversos jornais europeus, nesta segunda-feira (04/10). Embora o favoritismo da candidata dos Partidos dos Trabalhadores tenha sido tema, principalmente o avanço da candidata do Partido Verde, Marina Silva, foi destaque. Os escândalos de corrupção e o apoio dos cristãos evangélicos à candidatura de Silva também foram mencionados pelos periódicos para explicar a realização do segundo turno eleitoral.

La Repubblica: vitória adiada e uma vingança consumada

Com a manchete "Brasil, triunfo adiado para Rousseff. Mas a proeza é da verde Silva", o diário italiano La Repubblica escreveu: "Uma vitória adiada e uma vingança consumada. Esses parecem ser os dois resultados principais do primeiro turno das eleições brasileiras. O sucesso postergado é aquele de Dilma Rousseff, a mulher escolhida pelo ainda presidente Lula para suceder-lhe e que, apesar de todos as boas previsões das pesquisas de sondagem e de boca-de-urna, terminou o escrutínio com 47% dos votos (...)

A vingança consumada, por outro lado, é aquela de Marina Silva, a ambientalista do Partido Verde que até dois anos atrás era ministra – e adversária de Dilma – dentro do governo Lula. Ela é a verdadeira surpresa da votação de ontem e é devido à sua imprevista proeza – angariou 20% dos votos – que Dilma Rousseff teve de renunciar à vitória prevista para o primeiro turno."

The Guardian: Marina como fiel da balança

O diário britânico The Guardian destacou que "um avanço da candidata do Partido Verde no fim da disputa eleitoral forçou a eleição presidencial brasileira a ir para o segundo turno, fazendo com que a sucessora preferida de Luiz Inácio Lula da Silva perdesse, por pouco, a chance de se tornar a primeira mulher a liderar a nação (...)

[Marina] Silva, que deixou o ministério do Meio Ambiente de Lula após ter, supostamente, brigado com Rousseff, não disputará o segundo turno. Mas seu resultado, melhor do que o esperado, retirou apoio vital da candidata de Lula e transformou Silva no fiel da balança em potencial do segundo turno."

Spiegel Online: vitória de Marina, derrota de Dilma

A manchete no site do semanário alemão Der Spiegel dizia que "A estrela dos verdes estragou o avanço da herdeira de Lula". Segundo a publicação alemã, "a verdadeira vitoriosa das eleições presidenciais brasileira chama-se Marina Silva (...) Isso foi um puxão de orelhas para Rousseff e Serra, que direcionaram suas campanhas somente em torno da figura onipotente de Lula (...)

A antiga seringueira da Região Amazônica é a face do Brasil moderno e jovem. Ela personifica os sonhos, desejos e exigências dos cerca de 20 milhões de pessoas, na maioria eleitores jovens, urbanos e com boa educação, que não se reconhecessem nem em Rousseff nem em Serra (...).

Para Dilma Rousseff, por outro lado, os 47% significam na realidade uma derrota. Foi sua falta de habilidade no escândalo de corrupção em torno de uma antiga colega de trabalho bastante próxima que lhe custou votos? Ou foi o desagrado dos eleitores com a arrogância que não somente Rousseff, mas também seu criador e pai todo-poderoso Lula mostraram nos últimos dias?"

Der Standard: Dilma é favorita no segundo turno

Para o jornal austríaco Der Standard, a candidatura de Dilma Rousseff, a "ex-guerrilheira" de 62 anos, sofreu um freio inesperado no primeiro turno das eleições. Rousseff, no entanto, é a favorita do segundo turno no final de outubro, afirmou o periódico.

O jornal vienense afirmou que, "segundo pesquisas de opinião, o clima entre muitos eleitores se voltou no último momento contra Rousseff. Isso se deveu principalmente a acusações de corrupção, que também se dirigiam a uma antiga conselheira da política. Além disso, cristãos evangélicos empreenderam uma campanha contra Rousseff. Eles conclamaram a que não se votasse em nenhum candidato do seu Partido dos Trabalhadores porque esse aprovaria a homossexualidade e seria a favor do aborto. O número dos evangélicos – protestantes bastante fiéis à Bíblia – cresce no país predominantemente católico. Eles votaram em grande número na política verde [Marina] Silva, que é, ela própria, uma cristã evangélica. Isso se deu, claramente, às custas de Rousseff."

Le Fígaro: pontos francos de Dilma

O diário francês Le Fígaro apontou que Dilma Rousseff terminou à frente das eleições presidenciais deste domingo, mas sublinhou que a popularidade da candidata do PT caiu no último minuto.

Segundo o diário parisiense, "Dilma Rousseff, acusada de falta de carisma e de experiência, por um longo tempo esteve atrás de José Serra nas intenções de voto, antes de tomar a vantagem nas últimas semanas com o início da campanha audiovisual. Mas um escândalo de corrupção envolvendo uma de suas antigas colaboradoras e as dúvidas dos eleitores quanto a suas posições um tanto liberais sobre alguns temas sociais como o aborto enfraqueceram o final de sua campanha e parecem ter lhe custado uma vitória anunciada no primeiro turno, em prol notadamente de Marina Silva."

Autor: Carlos Albuquerque

Revisão: Alexandre Schossler