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Última viagem

8 de julho de 2011

Depois de 30 anos e 135 voos, o fim se aproxima: a última missão da Atlantis é também o encerramento do programa de ônibus espaciais dos Estados Unidos.

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Atlantis pronta para decolar em Cabo CanaveralFoto: AP

Esta será a última vez que a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) vai receber uma nave norte-americana. Se o tempo permitir, nesta sexta-feira (08/07) a Atlantis decola da base da Flórida e, dias depois, acopla-se à estação para, mais uma vez, levar peças e refeições. A missão deve durar 12 dias. Quando voltar à Terra, a aeronave, assim como a Endeavour e a Discovery, será transferida para um museu.

STS-135 é o nome oficial da missão, dado pela Nasa, a agência especial norte-americana. Chris Ferguson, o comandante da tripulação, levou meses se preparando para a viagem. Isso inclui o treinamento das manobras para acoplar a nave, realizado na sede da agência, em Houston. Ferguson e os outros três membros da missão são astronautas experientes.

Para o chefe da tripulação, este é o terceiro voo espacial. "Em primeiro lugar, estamos preocupados em executar uma missão bem-sucedida", declarou Ferguson. A emoção deve tomar conta da equipe apenas quando a nave estiver de volta do espaço, "quando o último astronauta que fez parte da missão sair da nave e ela ocupar o seu lugar na História".

Nasa KSC Bulloch
Stephen Gauvain treinou a tripulaçãoFoto: DW/Christina Bergmann

Futuro incerto

A equipe é relativamente pequena, formada por quatro astronautas – entre eles uma mulher. A Nasa optou conscientemente por restringir a equipe a Ferguson, Doug Hurley, Sandra Magnus e Rex Waldheim. Se algo der errado, eles terão que voltar à Terra com a aeronave russa Soyuz. Os norte-americanos não têm qualquer programa que suceda os chamados shuttles, ou seja, esse tipo de voo espacial que faz viagens de ida e volta. Centenas de pessoas que trabalham nessa área serão dispensadas.

Na opinião de Stephen Gauvain, que treinou a equipe de Ferguson, o futuro é incerto. Ele diz que é uma vergonha que os norte-americanos fiquem por muitos anos sem fazer voos tripulados. Assim como muitos funcionários da Nasa, ele espera que seus conhecimentos continuem sendo aproveitados na agência. "Acho que é meu trabalho, e também dos outros empregados da Nasa, cuidar para que nós encontremos um outro caminho para que, o mais rápido possível, as nossas equipes voltem ao espaço", disse Gauvain.

Críticas

Outros são menos cautelosos ao comentar o fato de que, até meados de 2015, os Estados Unidos estão dispostos a pagar para que seus próprios astronautas sejam transportados em naves russas. Há pouco tempo, três astronautas veteranos escreveram no jornal USA Today sobre essa frustração: o papel de liderança dos Estados Unidos em viagens espaciais está ameaçado, disse Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, e dois de seus colegas do programa Apollo.

Não existe ainda uma missão clara, uma estratégia ou um foguete para viagens tripuladas. A conclusão de Armstrong: "Depois de meio século de progressos notáveis, não existe um plano à vista para se manter o papel de liderança dos Estados Unidos na área espacial".

Em 2010, presidente Obama cortou drasticamente o orçamento da Nasa e encerrou o planejado projeto Constellation, por meio do qual a agência voltaria a explorar a Lua, Marte e outros espaços desconhecidos.

Agora o lema é: a Nasa busca meio de avançar no espaço e também de transportar cargas pesadas. O transporte de astronautas à ISS ficará a cargo de empresas privadas. E elas já estão trabalhando no desenvolvimento de foguetes apropriados.

Flash-Galerie NASA Internationale Raumstation ISS
Estação Espacial Internacional, ISSFoto: ap

Otimismo da Nasa

Charles Bolden, chefe da Nasa, se mostra otimista. Ele disse que os Estados Unidos devem permanecer líderes no setor espacial pelos próximos 50 anos. O presidente teria pedido à agência para se concentrar no "todo". "Ele nos desafiou a conduzir missões que nos levem aonde jamais fomos: nós deveremos circundar Marte e, por fim, aterrissar no planeta."

Obama pediu que a agência planejasse uma missão a um asteróide. De fato, no momento a sonda espacial Daw se aproxima de um dos maiores astros do tipo no sistema solar, o asteróide Vesta. Segundo Bolden, a sonda deve alcançar a órbita do Vesta até meados de julho.

A plataforma de lançamento 39A, no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, que aguarda a contagem regressiva da Atlantis, será fechada. Stephen Bulloch, de 57 anos, é o responsável para que os preparativos na plataforma transcorram sem problemas. Ele também deverá cuidar para que o equipamento esteja pronto para o próximo lançamento.

A Nasa, diz Bulloch, já passou por tudo isso antes. Nos anos 1970, quando o programa Apollo foi encerrado, também foi preciso esperar até que os ônibus espaciais chegassem. E então foi preciso construir sobre o que já estava disponível.

Engenharia alemã

"Muito do que se vê aqui na plataforma de lançamento vem do programa Apollo", diz Bulloch. Wernher Von Braun e outros engenheiros alemães desenvolveram o conceito naquela época: como levar uma nave muito pesada à Lua – e como trazê-la de volta. "O conceito Shuttle foi criado a partir disso", diz Bulloch.

Ele está certo de que, não importa o que vier depois do programa Shuttle, o conhecimento alemão na área espacial continuará sendo empregado. No entanto, a substituição dessas aeronaves não é tão simples: elas não transportam apenas cargas para a ISS, mas também podem trazê-las de volta à Terra.

No futuro, isso deverá ser feito por outro foguete, e a tripulação voará separadamente da carga, o que, segundo Bulloch, é mais seguro e mais barato. Em poucos anos, deverá ser assim. E a Estação Espacial Internacional, que deveria ser desmontada em 2015, vai continuar na ativa até 2020, como foi decidido recentemente.

Autora: Christina Bermann, Washington (np)
Revisão: Alexandre Schossler