Netanyahu planeja ir à posse de Bolsonaro
30 de outubro de 2018O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deve comparecer à cerimônia de posse de Jair Bolsonaro como presidente da República em 1º de janeiro de 2019. Se acontecer, será a primeira visita de um chefe de governo israelense ao Brasil desde a criação do Estado, em 1948.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a intenção foi comunicada pelo próprio Netanyahu ao presidente eleito durante uma conversa por telefone na segunda-feira (29/10) para cumprimentá-lo pela vitória da véspera nas eleições.
No telefonema, o premiê também fez um convite a Bolsonaro para uma visita a Israel, e o capitão da reserva prometeu que iria assim que sua saúde melhorar – ele está se recuperando de uma facada que levou durante um ato de campanha em Juiz de Fora em setembro.
Em comentários mais tarde sobre a conversa telefônica, ambos celebraram o estreitamento dos "laços de amizade" entre os dois países esperado a partir do próximo ano.
Segundo a Folha, o embaixador israelense no Brasil, Yossi Shelley, descreveu a conversa como "excelente, aberta, entre amigos". "Eles se encontraram apenas uma vez em Israel, há dois anos e meio, mas era possível sentir que havia um calor que é mais do que uma conversa de cortesia. Foi possível sentir que havia uma química."
Shelley se referia a uma viagem de Bolsonaro a Israel em 2016, então deputado federal, organizada pelo ex-candidato à Presidência Pastor Everaldo. Na ocasião, ele foi batizado nas águas do rio Jordão e afirmou que sua primeira visita oficial como presidente, caso eleito, seria ao país do Oriente Médio.
Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro disse ainda que pretendia, como chefe de Estado, reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, transferindo a sede da embaixada brasileira de Tel Aviv para a cidade disputada. A medida seguiria os passos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – que, inclusive, também falou com o brasileiro nos últimos dias.
Chile e Mercosul
Conversas com determinados líderes internacionais desde a vitória nas urnas, bem como declarações de Bolsonaro e de seus futuros ministros começam a dar sugestões de como o Brasil deve moldar sua política externa a partir do ano que vem. O papel da Argentina e do Mercosul, por exemplo, é um dos pontos que devem sofrer alterações.
O presidente do Chile, o centro-direitista Sebastián Piñera, foi o primeiro líder a anunciar oficialmente sua presença na posse de Bolsonaro em 1º de janeiro.
A jornalistas, Piñera confirmou ainda que o Chile será o primeiro país a ser visitado pelo capitão reformado após a cerimônia de posse, conforme já havia adiantado o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), apontado como futuro ministro da Casa Civil de Bolsonaro.
O líder chileno divulgou o teor de uma conversa que teve na segunda-feira com o presidente eleito, a quem telefonou para reiterar os cumprimentos pela vitória nas eleições de domingo, bem como o convite para que ele visite o Chile, feito primeiramente pelas redes sociais.
Piñera afirmou que no telefonema de cinco minutos os dois conversaram sobre temas como o corredor bioceânico – uma rodovia que pretende ir do Brasil a portos chilenos – e o tratado de livre-comércio assinado há poucos dias entre os dois países.
"Eu o parabenizei por um ato democrático da sociedade brasileira que foi impecável, pela grande vitória nas eleições, e também conversamos sobre temas que interessam aos dois países, e ele confirmou que visitará o Chile", disse o sul-americano.
Com o Chile sendo o primeiro destino internacional de Bolsonaro, o próximo presidente quebra uma tradição entre líderes eleitos no Brasil de realizarem sua primeira visita oficial à Argentina, um importante parceiro comercial do país.
Tanto Bolsonaro como seu futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmaram que Buenos Aires e o Mercosul – que reúne, além de Brasil e Argentina, o Paraguai e o Uruguai – não serão prioridade em seu governo, surpreendendo membros do bloco.
Segundo o presidente eleito, o Mercosul tem sido muito valorizado pelos governos brasileiros, algo que precisa mudar. Em entrevistas à televisão na segunda-feira, ele afirmou que essa valorização deveu-se a questões ideológicas, protegendo determinados países que, na sua opinião, "burlavam" regras. "Queremos nos livrar de algumas amarras do Mercosul", disse Bolsonaro.
EK/abr/efe/lusa/ots
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