Netanyahu na Alemanha
27 de agosto de 2009A chanceler federal alemã, Angela Merkel, aumentou a pressão para que Israel congele seu programa de construção de assentamentos em territórios ocupados e retome as negociações do processo de paz com os palestinos. Para Merkel, o fim das colônias na Cisjordânia é um passo fundamental a caminho da chamada "solução de dois Estados".
Com isso, a Alemanha apoia a linha defendida pelos Estados Unidos. Em seu segundo dia de vista à Alemanha, o chefe de governo israelense, Benjamin Netanyahu, não deu nenhuma garantia, entretanto mostrou-se favorável à solução de dois Estados, desde que os palestinos reconheçam a existência de Israel.
"Eu disse à chanceler federal qual é a nossa fórmula para a paz: um Estado palestino desmilitarizado, que reconheça o Estado de Israel", declarou Netanyahu, argumentando que os primeiros passos já foram tomados, como a remoção de checkpoints e de obstáculos comerciais. "Espero que em um ou dois meses possamos começar com as negociações."
Merkel e Netanyahu falaram também sobre o programa nuclear iraniano, pelo qual Israel se sente fortemente ameaçado. Segundo a chefe de governo alemã: "Se não houver uma resposta positiva neste sentido, pensaremos em medidas mais sérias, como sanções na área de energia e em outros setores sensíveis, como o mercado financeiro – aliás, não só pensaremos, mas avaliaremos com a comunidade internacional como vamos aplicá-las".
"Planos do inferno"
Em Berlim, Netanyahu recebeu originais dos planos de construção do campo de extermínio de Auschwitz, símbolo do genocídio nazista, onde foram assassinadas mais de 1 milhão de pessoas, em sua maioria judeus. Os 29 esboços históricos documentam a construção do campo entre 1941 e 1942, e deverão ser expostos a partir de janeiro no Yad Vashem, a Autoridade de Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto em Jerusalém.
Eles foram entregues pelo chefe de redação do jornal Bild e, segundo a editora Springer, trata-se dos únicos originais desse tipo encontrados na Alemanha até hoje. No entanto, há dúvidas quanto a sua origem: enquanto uma versão diz que eles teriam sido localizados por repórteres do jornal no verão de 2008, outra sugere que a editora os teria comprado de um particular. A Springer refuta esta versão.
Também há indícios que apontam para os planos terem estado no arquivo da Stasi, a extinta polícia política da República Democrática Alemã (RDA).
Polônia criticou entrega
O Arquivo Federal Alemão caracterizou os planos como autênticos testemunhos do planejamento sistemático do genocídio aos judeus europeus. Ao recebê-los, Netanyahu ficou visivelmente emocionado e os chamou de "planos do inferno".
Ele agradeceu pelos documentos que, segundo afirma, ajudarão a preservar a verdade histórica, já que há muitos que ainda negam a existência do Holocausto. "Eles que vão a Jerusalém e vejam estes planos, os planos da fábrica da morte."
Avner Shalev, do Yad Vashem, declarou ao Bild que "estes planos são um símbolo muito importante para o Estado de Israel e uma parte importante de nossa identidade".
No entanto, Piotr Cywinski, diretor do Memorial de Auschwitz, na Polônia, mostrou-se decepcionado. Ele disse haver solicitado à editora Springer, meio ano atrás, que os documentos fossem doados ao acervo do Museu de Auschwitz. A editora, no entanto, disse nunca ter recebido tal pedido.
RR/lusa/dpa/rtr/dw
Revisão: Augusto Valente