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"Nico, 1988": uma musa no ano de sua morte

Torsten Landsberg av
19 de julho de 2018

Andy Warhol, Alain Delon, Mick Jagger são alguns dos nomes que cruzaram a vida da alemã Nico. Chega às telas a biografia da supermodelo, cantora e artista – para quem a beleza era maldição, e as drogas, o antídoto.

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Retrato de um ícone pop elusivo: "Nico, 1988"
Retrato de um ícone pop elusivo: "Nico, 1988"Foto: Film Kino Text

Beldade, supermodelo, ícone estilístico: nascida em 1938 em Colônia e crescida em Berlim após a Segunda Guerra, Christa Päffgen alcançara projeção internacional ainda jovem. Aos 17 anos ela posa para revistas de moda em Paris. Os fotógrafos lhe dão o pseudônimo "Nico", com o qual ela segue para Nova York, para mergulhar num mundo sem amarras nem fronteiras.

Nico, 1988  junta os cacos daquilo que, no fim dos anos 80, sobrara da fama das décadas passadas. O filme biográfico mostra a celebridade alemã em seu último ano de vida, marcada pelas drogas e pelos esforços pelo reconhecimento como artista por seus próprios méritos.

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Pois era essa a motivação de Nico: emancipação, ruptura com as estruturas do passado, que superficialmente podiam lhe parecer ilimitadas, mas dentro das quais ela só conseguia se mover sob direção externa.

Nico é considerada como uma das primeiras supermodelos, ícone da cultura pop e pioneira dos movimentos punk e gótico. Ela se consagrou como musa do artista nova-iorquino Andy Warhol, em cujo ateliê "Factory" encontraria Mick Jagger, Jim Morrison, Lou Reed e outros. Entre incontáveis parceiros de cama, teve com Alain Delon um filho cuja paternidade o ator francês nunca reconheceu.

Ela fica também conhecida como atriz sobretudo graças à breve aparição em A doce vida, de Federico Fellini, em que representa a si mesma. Mas: é desse modo que uma pessoa autodeterminada quer ser definida? – ela se pergunta sem cessar.

A verdadeira Christa Päffgen em 1965
A verdadeira Christa Päffgen em 1965Foto: picture-alliance/Photoshot

Movida pela vontade de escapar do mundo dos belos, Nico encontra uma aliada: a heroína. A droga a ajuda a se afastar da própria imagem, na atitude e, acima de tudo, na aparência: sua decadência física é intencional. Numa das cenas, encarnada pela atriz dinamarquesa Trine Dyrholm, diante do espelho ela se pergunta: "Sou feia? Tudo bem, eu não era feliz quando era bonita."

A biografia dirigida pela italiana Susanna Nicchiarelli mostra um anjo caído. Nico é tudo, menos uma figura de identificação. Seu filho Ari era levado, ainda criança, de festa em festa em Nova York, onde drogas diversas estavam ao alcance da mão, por cima das mesas. Sendo criado pela mãe de Delon, quando voltou para Nico aos 19 anos ela o introduziu na heroína e partilhava a seringa com ele.

No fim dos anos 60 a artista cantara no disco de estreia da banda Velvet Underground, e em seguida gravou seis álbuns solo, entre os quais Chelsea Girl, de 1967. O filme a mostra se apresentando em pequenos clubes, nos anos 80, insultando seus músicos diante do público. Suas letras mórbidas lhe valeram o título "Sacerdotisa da Escuridão". Em breve não quer mais ser Nico, mas sim voltar a ser chamada Christa.

Trine Dyrholm (esq.) no papel-título de "Nico, 1988". Sandor Funtek representa o filho Ari
Trine Dyrholm (esq.) no papel-título de "Nico, 1988". Sandor Funtek representa o filho AriFoto: Film Kino Text

A atriz principal e a diretora resistem à tentação de despertar no espectador simpatia pela protagonista. O clima da encenação é simplesmente desolador, em gritante contraste com o mundo da alta sociedade cuja figura de proa Nico uma vez fora. A própria Dyrholm canta todas as passagens musicais – o que não deve ter sido fácil, devido à desafinação constante e o pesado sotaque alemão de Nico.

Nico, 1988  estreou nos cinemas alemães exatamente no 30º aniversário da morte da artista: em 18 de julho de 1988, aos 49 anos, ela foi vítima de um acidente de bicicleta, na ilha espanhola de Ibiza.

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