Macedônia
19 de janeiro de 2009O nome "Antiga República Iugoslava da Macedônia" deveria ser apenas provisório, mas a resistência da Grécia ameaça não só a simplificação do nome como também barra o ingresso do país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e na União Europeia (UE).
Nesta segunda-feira (19/01), o caso começou a ser analisado pela Corte Internacional de Justiça de Haia. A decisão dos juízes não deverá ser tomada antes de três anos. O conflito envolvendo o nome começou em 1991, quando a Macedônia proclamou sua independência da então Iugoslávia.
Desde então, a Grécia desconfia que o novo país tenha ambições territoriais sobre uma província de mesmo nome localizada no norte da Grécia. Este conflito está causando não só provocações mútuas constantes, como também bloqueia concretamente a abertura da Otan e da UE à Macedônia.
Implicações políticas e históricas
Desde o final de 2005, a Macedônia é candidata oficial ao ingresso na União Europeia. As negociações, no entanto, ainda não começaram. Em abril do ano passado, a Grécia impetrou veto à entrada da Macedônia na Otan. Uma atitude difícil de entender, já que a decisão da entrada havia sido tomada por todos os membros da aliança militar, inclusive pelo governo de Atenas.
Muitos consideram o debate um exagero, ainda mais em se tratando de uma questão tão importante como o ingresso na Otan. Mas James Appathurai, porta-voz da Otan, explica o problema: "Pode parecer uma questão secundária, mas ela não é isso para nenhum dos dois envolvidos. Ela tem importantes contextos políticos e históricos. Acho que ambos os lados acreditam que a solução seja possível, mas não devemos subestimar os sentimentos de cada lado".
A Grécia acabaria com a resistência se a Macedônia mudasse seu nome. Mas isso é recusado pelo governo de Skopje. As Nações Unidas já estão mediando o impasse há tempos, mas até agora sem solução.
Decisão nas mãos da Justiça
Em novembro de 2008, a Macedônia apresentou queixa à Corte Internacional de Justiça em Haia, na Holanda, sob o argumento de que a Grécia lesa um acordo provisório assinado em 1995 sob mediação das Nações Unidas.
No documento, Atenas teria se comprometido a não bloquear a entrada da Macedônia na Otan. O governo grego insiste que não permitirá a filiação enquanto perdurar o problema do nome.
Muitos macedônios perguntam-se por que a Otan ou mesmo países-membros isolados não exercem pressão sobre a Grécia para que desista da reivindicação. Mas o porta-voz da Otan lembra que a Grécia já é membro da aliança e que o problema envolve um candidato à filiação.
"Não se trata de países da Otan pressionarem a Grécia. A questão é que todos os aliados – e eu acredito que deva ser o conjunto das Nações Unidas – tentem aproximar os lados em conflito", disse o porta-voz da aliança militar.
No momento, a solução parece que ainda irá demorar. Enquanto Albânia e Croácia aguardam uma rápida entrada na organização militar, o futuro da Macedônia no bloco de defesa continua incerto.