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Noruega prende "brasileiro" suspeito de ser espião russo

25 de outubro de 2022

Agência de segurança norueguesa afirma que homem se passando por pesquisador brasileiro, chegado ao país em 2021, trabalhava para serviço de inteligência russo. Polícia o considera "ameaça" e pretende deportá-lo.

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Vista do porto e da cidade de Tromsø, no norte da Noruega
Suspeito vivia na Noruega como "pesquisador convidado" da Universidade de Tromsø, no norte do paísFoto: Gerhard Zwerger-Schoner/picture-alliance/imageBROKER

A agência de segurança doméstica da Noruega informou nesta terça-feira (25/10) ter detido um homem que havia entrado no país se dizendo pesquisador e cidadão brasileiro, mas é suspeito de ser um espião russo. Um tribunal local determinou que ele fique sob custódia por quatro semanas, enquanto se decide sobre sua deportação.

Segundo a emissora pública norueguesa NRK, a prisão ocorreu na segunda-feira na cidade de Tromsø, no norte do país. Os investigadores acreditam que o suspeito estava na Noruega, país-membro da Otan, sob nome e identidade falsos, enquanto trabalhava para um dos serviços de inteligência da Rússia.

"Requisitamos que um pesquisador brasileiro na Universidade de Tromsø seja expulso da Noruega, porque acreditamos que ele representa uma ameaça a interesses nacionais fundamentais", disse à NRK a vice-chefe do Serviço de Segurança Policial (PST), Hedvig Moe.

O órgão está "preocupado que ele possa ter adquirido conexões e informações sobre a política da Noruega na região norte", afirmou Moe. "Mesmo que essa rede ou a informação não seja uma ameaça à segurança do reino, estamos preocupados que a informação possa ser mal utilizada pela Rússia."

A vice-chefe do PST acrescentou que a agência norueguesa tem colaborado com serviços de segurança de outros países, que não especificou: "Cooperação internacional é importante no trabalho com ilegais, porque estes são muito cuidadosos e costumam ser bons em se esconder e operar por muito tempo num país."

Em comunicado, o reitor da Universidade de Tromsø, Jorgen Fossland, afirmou que o suspeito atuava como "palestrante convidado" na instituição, não sendo, portanto, funcionário contratado.

Segundo a imprensa local, o indivíduo não tinha cidadania russa nem norueguesa e chegou à Noruega em 2021. Desde então, vinha pesquisando as regiões do norte e ameaças híbridas. A fronteira ártica da Noruega com a Rússia tem 198 quilômetros de extensão.

O advogado do suspeito, Thomas Hansen, afirmou ao jornal VG que seu cliente nega qualquer irregularidade. Ele diz não entender por que o PST acredita tratar-se de um espião russo, e ignorar em que se baseiam as acusações de que sua identidade brasileira seja falsa.

Outros casos

Vários cidadãos russos foram detidos na Noruega nas últimas semanas, entre eles três homens e uma mulher que teriam tirado fotos de objetos que não podiam ser fotografados. Eles já foram libertados.

Países europeus elevaram a segurança em torno de infraestruturas importantes de energia, internet e eletricidade após explosões submarinas terem danificado os gasodutos Nord Stream, no Mar Báltico, construídos para transportar gás natural da Rússia à Alemanha.

Os danos nos gasodutos, que ocorreram ao largo da Suécia e da Dinamarca, fizeram com que enormes quantidades de metano, um potente gás de efeito estufa, fossem despejadas no ar.

Esta tampouco seria a primeira vez que um suposto espião russo tenta se passar por um cidadão brasileiro. Em junho último, o serviço de inteligência da Holanda disse ter desmascarado um agente da inteligência militar russa que se apresentou como brasileiro para se infiltrar no Tribunal Penal Internacional (TPI), que está investigando acusações de crimes de guerra na Ucrânia.

Identificado como Sergey Vladimirovich Cherkasov, de 36 anos, o russo voou para a Holanda usando uma identidade falsa construída cuidadosamente durante 12 anos. Mas as autoridades holandesas negaram sua entrada no país e o colocaram no voo seguinte de retorno ao Brasil. O episódio ocorreu em abril, mas só foi revelado dois meses depois.

Ele se apresentava como um cidadão brasileiro de 33 anos chamado Viktor Muller Ferreira. Segundo as agências de notícias Reuters e AFP, em junho a Polícia Federal informou que o russo estava preso no Brasil e seria processado por uso de documentos falsos após ser deportado da Holanda.

ek/av (AP, DPA, ots)