Nova era na democracia em Mianmar
1 de fevereiro de 2016O Parlamento de Mianmar reuniu seus novos membros pela primeira vez nesta segunda-feira (01/02), três meses depois da histórica eleição que deu poder ao partido de oposição Liga Nacional pela Democracia (LND), liderado pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
Em novembro de 2015, a LND conquistou a maioria absoluta no Parlamento, sendo o primeiro governo democraticamente eleito em mais de 55 anos no país. A vitória garantiu ao partido a escolha do presidente e a formação do governo, marcando uma reviravolta histórica.
Na sessão desta segunda-feira, a câmara baixa elegeu o deputado Win Myint, da LND, como presidente do Parlamento. "Hoje é um dia para se orgulhar da história política de Mianmar e da transição democrática", discursou Myint ao aceitar o cargo.
As eleições para presidente do país devem ocorrer em março. Com a maioria parlamentar, a LND pode propor dois dos três candidatos, com o terceiro a ser sugerido pelos militares, a quem está reservado um quarto dos assentos do Parlamento.
Prêmio Nobel da Paz em 1991, Suu Kyi, que foi mentida pela junta militar detenção durante mais de 15 anos, não estará entre os três candidatos, uma vez que a Constituição impede que cidadãos com familiares estrangeiros exerçam o cargo de chefe de Estado – ela foi casada e teve filhos com um britânico.
O novo governo enfrentará a difícil missão de reconstruir um dos países mais pobres do Sudeste Asiático, onde a economia foi abalada por décadas de opressão militar e guerra civil. "É um momento histórico para o país", disse o analista político Khin Zaw Win, acrescentando que "muitos problemas vêm junto" com a tomada de poder.
Vários membros do Parlamento afirmaram ter esperanças de que a sessão desta segunda-feira marque o começo de uma nova e mais brilhante era na história de Mianmar. "É como um sonho para mim", disse Khin Maung Myint, da LND. "Eu nunca imaginei que nosso partido seria capaz de formar um governo. Nem o público pensava isso."
O país foi governado por regimes militares entre 1962 e 2011, ano em que a última junta entregou o poder a um governo civil, composto por antigos militares. Eles, então, iniciaram uma série de reformas políticas, econômicas e sociais.
Nas eleições legislativas de maio de 1990, a LND tinha conquistado mais de 80% dos assentos, mas os militares no poder rejeitaram os resultados. Em 2010, os militares voltaram a convocar legislativas, mas a LND boicotou o escrutínio e foi dissolvida.
EK/afp/ap/dpa