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Nova greve contra Maduro tem início violento

27 de julho de 2017

Ao menos uma pessoa morre durante protestos convocados pela oposição na Venezuela. Paralisação de dois dias é último esforço para pressionar presidente a revogar votação de Constituinte, marcada para próximo domingo.

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Venezuela - Krise - Proteste
Segundo organização de direitos humanos, ao menos 50 foram detidos nesta quarta-feiraFoto: picture-alliance/AP/A. Cuillos

A oposição venezuelana intensificou nesta quarta-feira (26/07) a pressão contra o presidente Nicolás Maduro ao dar início a uma greve geral de 48 horas. Manifestantes foram às ruas em várias cidades do país em protesto contra o projeto de Assembleia Constituinte defendido pelo mandatário.

Autoridades venezuelanas confirmaram a morte de um homem durante manifestação na cidade de Ejido, no estado de Mérida, elevando para 101 o número de mortos desde o início da onda de protestos no país, em abril.

A informação foi confirmada pelo Ministério Público da Venezuela, que determinou que a promotoria do estado de Mérida investigue o óbito. Carlos García, prefeito da cidade de Mérida, responsabilizou pela morte as forças de segurança encarregadas de conter os protestos. O rapaz foi identificado como Rafael Vergara, de 30 anos.

Houve confrontos entre forças de segurança e grupos de manifestantes em várias cidades venezuelanas, deixando ao menos quatro feridos. Opositores chegaram a bloquear estradas do país. Segundo a organização de direitos humanos Fórum Penal, ao menos 50 pessoas foram detidas.

Na capital, Caracas, manifestantes bloquearam as ruas com sacolas de lixo e outros obstáculos. Membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) tentaram dispersá-los com gás lacrimogêneo.

Em Caracas, manifestantes construíram barricadas com lixo para bloquear avenidas
Em Caracas, manifestantes construíram barricadas com lixo para bloquear avenidasFoto: Picture alliance/AP Photo/A. Cubillos

Com exceção dos locais onde houve protestos, a greve teve início nesta quarta-feira com muitas ruas vazias, vários comércios fechados e a maior parte do sistema público de transporte sem funcionar. Segundo a oposição, muitos setores da economia aderiram à paralisação.

Freddy Guevara, vice-presidente da Assembleia Nacional e porta-voz da coalizão de partidos de oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD), estimou em 92% a adesão ao primeiro dia da greve em todo o território nacional.

Segundo o deputado, a paralisação foi mais assídua no setor de transportes, com mais de 90% dos trabalhadores parados. No comércio, o índice de participação foi de 86%. Já no setor público e no petroleiro, a adesão foi de 82% e 77%, respectivamente.

Ao longo do dia, a oposição publicou uma série de fotos para mostrar que a greve foi respeitada pela população. "A Venezuela segue firme contra a fraude constituinte e pelo resgate da democracia", declarou o líder da Assembleia Nacional, Julio Borges.

O governo, por outro lado, nega que a paralisação tenha tido um início bem-sucedido. Maduro declarou que "a tentativa de uma greve geral foi derrotada" e que "a vitória foi da classe trabalhadora".

"O povo não parou. As pessoas saíram às ruas para trabalhar, viver, fazer, construir. Enquanto uns querem parar, o povo quer paz", afirmou o presidente venezuelano, durante um evento na presença de seus apoiadores, transmitido pelas emissoras de rádio e televisão.

Confrontos entre manifestantes e forças de segurança foram registrados em várias cidades do país
Confrontos entre manifestantes e forças de segurança foram registrados em várias cidades do paísFoto: Reuters/U. Marcelino

A greve e os protestos desta quarta-feira fazem parte de uma onda de indignação vivida na Venezuela há quase quatro meses, em meio a uma profunda crise política e econômica. Desde abril, dezenas de pessoas morreram em confrontos com a polícia em manifestações, e centenas foram detidas.

A principal exigência dos opositores é a revogação da votação da Assembleia Constituinte defendida por Maduro, marcada para o próximo domingo, 30 de julho. A medida é encarada pela oposição como uma tentativa do governo de "consolidar uma ditadura" na Venezuela.

Caracas vive também sob pressão internacional para cancelar a votação, que deve eleger os membros da assembleia que vão redefinir a constituição da Venezuela de 1999.

Ecoada por países como Argentina, Brasil e Alemanha, essa pressão só aumentou depois que 7,1 milhões de cidadãos rejeitaram o projeto de Constituinte numa consulta simbólica organizada pela oposição em 17 de julho passado.

EK/afp/dpa/efe/lusa/ots