Nova morte de negro por policial nos EUA gera protestos
7 de julho de 2016Centenas de pessoas se reuniram na noite desta quarta-feira (06/07) em Baton Rouge, capital do estado americano de Louisiana, para protestar após a morte do negro Alton Sterling por policiais, mostrada num vídeo amador divulgado na internet.
Sterling, de 37 anos, foi morto na terça-feira na cidade, depois de a polícia ter sido alertada que um homem negro, que vendia CDs de música e filmes na rua, empunhava uma arma e fazia ameaças.
O vídeo registrado com um celular mostra como, diante de uma loja de conveniência, um dos dois policiais, brancos, encosta uma arma no pescoço de Sterling, imobilizado. Então, ouve-se uma voz que grita: "Ele tem uma arma!", e dois disparos se seguem.
No vídeo, não fica claro se Sterling estava segurando ou pegando uma arma no momento em que foi alvo dos disparos. Uma testemunha relatou que a polícia retirou uma pistola do bolso dele depois dos tiros.
No protesto em Baton Rouge – onde 54% da população é negra –, algumas pessoas bloquearam o trânsito. Outras carregavam cartazes e cantavam palavras de ordem como: "Sem justiça, não há paz" ou "As vidas dos negros importam" – em referência ao movimento homônimo criado após a morte de outros negros pela polícia no país. Recentemente cidades como Ferguson e Baltimore foram palco de casos e protestos semelhantes.
Abertura de inquérito
O governador de Louisiana, John Edwards, anunciou que a morte de Sterling vai ser alvo de um inquérito federal. A investigação será dirigida pela divisão de direitos civis do Departamento de Justiça e pela polícia federal (FBI).
"Tenho preocupações muito sérias. O vídeo é, no mínimo, perturbador", declarou Edwards.
Carl Dabadie Jr., chefe da polícia de Baton Rouge, disse que Sterling estava armado, sem especificar o tipo de arma, e que ainda não está claro o que exatamente aconteceu. "Há muito que não entendemos. E eu exijo respostas", disse, chamando o incidente de uma "tragédia horrível". Os dois policiais foram colocados em licença administrativa.
Em comunicado, a candidata democrata à presidência Hillary Clinton classificou a morte de Sterling de tragédia e afirmou que a confiança entre polícia e comunidades precisa ser restabelecida.
"Algo está profundamente errado quando tantos americanos têm motivo para acreditar que nosso país não os considera tão preciosos quanto outros devido à cor de sua pele", disse Hillary.
Segundo o site mappingpoliceviolence.com, a polícia americana matou ao menos 346 negros no ano passado. Os cidadãos negros têm três vezes mais chance que os brancos de serem mortos pela polícia, e, em 2015, 30% das vítimas negras estavam desarmadas, comparado a 19% das brancas.
LPF/lusa/efe/ap/rtr