Premiê britânica nomeia gabinete diversificado e conservador
7 de setembro de 2022A nova primeira-ministra britânica, Liz Truss, divulgou nesta terça-feira (06/09) os membros de seu gabinete, com várias mudanças em relação ao governo de seu antecessor, Boris Johnson. Ao menos oito secretários deixaram o governo ou foram substituídos.
Trata-se do primeiro gabinete do governo britânico cujas posições mais importantes serão ocupadas por mulheres e negros.
Pela primeira vez na história, o Reino Unido terá uma vice-primeira-ministra mulher e um chanceler negro.
A vice-primeira-ministra e secretária da Saúde será Therese Coffey, uma fiel aliada de Truss. Os secretários das Relações Exteriores, James Cleverley; das Finanças, Kwasi Kwarteng, e do Interior, Suella Braverman, são filhos de imigrantes.
Braverman será a segunda mulher de origem indiana a comandar o Ministério do Interior, ao suceder Priti Patel, que ocupou o cargo no governo de Johnson.
Meio ambiente nas mãos de cético do clima
A indicação mais controversa foi a do parlamentar conservador Jacob Rees-Mogg, conhecido pelo ceticismo quanto à necessidade de se combater o aquecimento global, para a Secretaria de Negócios, Energia e Estratégia Industrial.
Uma de suas principais atribuições será justamente lidar com a estratégia do governo para o clima, o que gerou temores imediatos quanto a um possível retrocesso na meta britânica de reduzir a zero as emissões de carbono até 2050.
Em diversas ocasiões, Rees-Mogg deu voz ao negacionismo do clima, chegando, inclusive, a desvirtuar fatos científicos. Ele expressou no passado suas preocupações com o que chamou de "alarmismo climático" e disse que a humanidade deveria se adaptar em vez de tentar mitigar as mudanças climáticas.
Conflito de interesses?
Rees-Mogg investe em petróleo e minas de carvão através de um fundo de investimentos que ele próprio ajudou a fundar, o Somerset Capital Management, do qual ainda se beneficia financeiramente.
O novo secretário afirmou anteriormente que os esforços para reduzir a zero as emissões de carbono seriam responsáveis por aumentos nos preços de energia.
Um de seus grandes desafios será criar políticas ambientais para os setores industrial e de energia, após vários governos conservadores lançarem estratégias que acabaram sendo abandonadas em pouco tempo.
Truss disse apoiar a estratégia de reduzir a zero as emissões, mas defendeu a remoção de algumas barreiras impostas pelo plano.
A primeira-ministra chegou a defender – dentro de determinadas condições – a volta do chamado fracking, a controversa técnica de fraturamento hidráulico utilizada nas perfurações de poços de petróleo e gás, condenada por ambientalistas.
rc (Reuters, ots)